A colega Dôri Mendes,
postou no grupo do facebook EDUCAÇÃO, EU APOIO ESSA LUTA :
A LUTA DE CLASSES E O SEPE.
Quem
esteve no Clube Municipal ontem, sábado 20/09/2014, teve a
oportunidade de assistir mais uma vez a capacidade de degeneração e
deformação que é possível acontecer com a consciência humana, mesmo em
grupo, quando se cristaliza em cargos representativos por muito tempo.
Militantes, outrora combativos, hoje preferem estar de forma submissa,
“ombro a ombro” com os partidos da ordem, estreitando cada vez mais seus
laços com o parlamento, do que garantir a participação da categoria nos
seus fóruns de debate e continuar a luta pela educação pública, laica e
de qualidade. É esta a realidade da maioria da direção do SEPE hoje,
cada vez mais aliada à ordem, temerosa de perder seus cargos,
dependentes das eleições burguesas.
A coisa já não andava bem entre a
base e a direção desde o último congresso e depois do golpe durante a
copa, quando a cabeça de muitos de nós foi entregue aos governos de
bandeja (muitos ainda continuam prejudicados, sem salários, sem lotação e
ainda sofrendo assédio da PM dentro das escolas) fazendo a categoria
recuar na luta e adoecer. Mas a situação piorou depois de um
acontecimento suspeito que aconteceu no clube Hebraica, onde algumas
pessoas foram expulsas da assembleia, porque participavam mesmo sendo
estranhas à categoria. Por “segurança”, a categoria concordou com a
iniciativa de credenciar os participantes no início de cada evento,
pedindo como comprovação o contracheque.
Até aí tudo bem, não é uma situação agradável, mas compreensível em tempos de crise. Acontece que nas duas últimas assembleias do estado (13/09/14) e do município (20/09/14) - que aconteceram nos dois últimos sábados já de forma separada como resultado do golpe que desunificou as duas redes - a direção passou a impedir o credenciamento e o direito de voto dos filiados presente nas assembleias, alegando que o profissional é de uma rede e não de outra. A quem interessa esse atropelo estatutário?
Até aí tudo bem, não é uma situação agradável, mas compreensível em tempos de crise. Acontece que nas duas últimas assembleias do estado (13/09/14) e do município (20/09/14) - que aconteceram nos dois últimos sábados já de forma separada como resultado do golpe que desunificou as duas redes - a direção passou a impedir o credenciamento e o direito de voto dos filiados presente nas assembleias, alegando que o profissional é de uma rede e não de outra. A quem interessa esse atropelo estatutário?
É importante acrescentar
que nesta situação de crise, algumas correntes políticas da direção
passaram a reivindicar o estatuto para tentar cercear a participação da
base nos espaços deliberativos da categoria. Uma delas foi substituir
uma prática já consolidada - dos núcleos e regionais elegerem três dos
seus representantes em assembleia local nas vésperas de cada conselho
deliberativo - pela “legitimidade” do artigo 32 que diz que os
conselheiros de base eleitos nos núcleos têm mandato de um ano. Dessa
forma garantiu-se um engessamento dos conselheiros já eleitos, porque na
atual conjuntura de rápidas mudanças, onde há movimentos de fluxo e
refluxo da categoria, há conselheiros que se afastaram das lutas e
debates da sua base e ainda assim podem representá-la no SEPE central
pelo período de um ano, impedindo inclusive a participação de outros que
continuam ou que se somaram ao movimento.
Exatamente pela
burocratização crescente da direção, ficamos ontem (20/09/14) em dúvida se a tal
exigência de “só poder votar o servidor que pertencer àquela rede
específica do dia” era estatutário ou não. Assim, participamos da
assembleia mesmo sem o direito do credenciamento e sem poder votar nas
decisões mais importantes. Perdemos, por exemplo, a proposta de
paralisação no dia 01/10 e de assembleia unificada no dia 15/10 por 8 e
por 6 votos de diferença respectivamente. É óbvio que o direito
paritário de representação continuou garantido para os membros da
direção, afinal é preciso manter a desigualdade na materialidade para
que o processo de deformação da consciência e o afastamento da luta
continue e se justifique. Temos clareza que é o ser social que determina
a consciência e por isso não apontamos pessoas, nem podemos fazer
análise moral, mas é necessário método e o exercício contínuo de
interpretação correta desta realidade, para percebermos na
burocratização da luta uma materialidade cindida. E já que somos seres
racionais, decidir de uma vez se estamos do lado daqueles que querem
transformar a realidade ou daqueles que pretendem conservá-la. Direita
ou esquerda tem a ver com a continuidade ou não do processo de
emancipação humana a esquerda prevê superação das classes.
Por isso
também recorremos ao estatuto (o que confirma a situação de crise) e
ficou claro que sofremos outro golpe. A direção, no desespero causado
pela contradição em que vive, está descumprindo o próprio estatuto que
tanto tem reivindicado. A incoerência já pode ser percebida no sexto
item do 2º artigo, da finalidade do SEPE: “desenvolver a unidade de
todos os profissionais de educação”, além do décimo ítem que prevê
“lutar, ao lado de outros setores da sociedade, por liberdade de
organização e manifestação para todos os trabalhadores”. Pode ser que as
manifestações às vezes incomodem...
Continuando nossa consulta, observamos que o capítulo III do estatuto define nossas instâncias como: “Congresso Estadual; Conferência Estadual; Assembléia Geral Estadual; Conselho Deliberativo; Diretoria Estadual”; e Conselho Fiscal; o primeiro item do 10º artigo garante que é direitos dos associados “tomar parte e votar nas assembleias gerais e nos congressos da entidade”; o artigo 23 define dois tipos de assembleias: a AGO e a AGE “A Assembléia Geral Ordinária tem como competência exclusiva a eleição e posse da diretoria estadual, a prestação de contas do SEPE/RJ e a aprovação da proposta orçamentária”; o artigo 30 prevê que a Assembléia Geral Extraordinária pode ser convocada para “discutir e deliberar sobre assuntos que não são de competência exclusiva da AGO” e o artigo 31 diz que “a AGE será constituída pelos membros da categoria e deliberará por maioria simples dos presentes.”
Ou seja, não encontramos nada no nosso estatuto que impeça a categoria, lotada em que rede for, de participar de qualquer assembleia. Não há nada que nos divida, ao contrário, o estatuto prevê a unidade, nenhum artigo nos proíbe de participar com direito a voz e voto em qualquer assembleia que esta categoria convoque e realize. Esse foi mais um golpe da direção! Tristeza e vergonha... foi esse o sentimento da categoria na assembleia do Clube municipal neste último sábado. A plenária, literalmente dividida por uma fileira de cadeiras vazias, mostrava a arrogância dos diretores e de seus aliados de um lado e a indignação da base do outro. Triste fim de uma prática que (ainda bem) está no seu limite, ficou claro pela ausência de manifestações de contentamento, mesmo quando a direção ganhava as propostas da base. Muitos se mantinham cabisbaixos, outros magoados porque infelizmente entendem como ofensa pessoal as reações iradas de uma categoria massacrada no seu local de trabalho e na vida, que se depara com a decadência da sua própria classe.
Continuando nossa consulta, observamos que o capítulo III do estatuto define nossas instâncias como: “Congresso Estadual; Conferência Estadual; Assembléia Geral Estadual; Conselho Deliberativo; Diretoria Estadual”; e Conselho Fiscal; o primeiro item do 10º artigo garante que é direitos dos associados “tomar parte e votar nas assembleias gerais e nos congressos da entidade”; o artigo 23 define dois tipos de assembleias: a AGO e a AGE “A Assembléia Geral Ordinária tem como competência exclusiva a eleição e posse da diretoria estadual, a prestação de contas do SEPE/RJ e a aprovação da proposta orçamentária”; o artigo 30 prevê que a Assembléia Geral Extraordinária pode ser convocada para “discutir e deliberar sobre assuntos que não são de competência exclusiva da AGO” e o artigo 31 diz que “a AGE será constituída pelos membros da categoria e deliberará por maioria simples dos presentes.”
Ou seja, não encontramos nada no nosso estatuto que impeça a categoria, lotada em que rede for, de participar de qualquer assembleia. Não há nada que nos divida, ao contrário, o estatuto prevê a unidade, nenhum artigo nos proíbe de participar com direito a voz e voto em qualquer assembleia que esta categoria convoque e realize. Esse foi mais um golpe da direção! Tristeza e vergonha... foi esse o sentimento da categoria na assembleia do Clube municipal neste último sábado. A plenária, literalmente dividida por uma fileira de cadeiras vazias, mostrava a arrogância dos diretores e de seus aliados de um lado e a indignação da base do outro. Triste fim de uma prática que (ainda bem) está no seu limite, ficou claro pela ausência de manifestações de contentamento, mesmo quando a direção ganhava as propostas da base. Muitos se mantinham cabisbaixos, outros magoados porque infelizmente entendem como ofensa pessoal as reações iradas de uma categoria massacrada no seu local de trabalho e na vida, que se depara com a decadência da sua própria classe.
O lado
bom é que, dialéticos que somos, sabemos que a crise também é um
recomeço de uma nova etapa da luta, que dará continuidade ao processo de
mudança e que terá como sujeito uma nova base organizada. Nova porque
dotada de mais determinações, de mais aprofundamento teórico e porque
esta percebendo a necessidade urgente de agir enquanto classe para si
diante do capital em crise. O momento nunca foi tão propício para uma
reviravolta, ao menos na luta sindical.
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Comentário do comp@nheiro Jorge Willian :
Então ficou assim: comemoraremos o dia 15 e tentaremos esquecer o dia primeiro?
A direção do SEPE encabeçada por membros do PSOL, PSTU, PCdoB e PT conseguiu na rede municipal, após muita luta da oposição, não aprovar uma paralisação para o dia primeiro de outubro, data em que se fará um ano do massacre contra os educadores na Cinelândia realizada pela polícia de Cabral/Pezão. Lembremos que nos tacaram rojões, bombas e sem beijinhos no ombro, posto que a porrada foi dura mesmo. Gritei "abaixo a ditadura!" de cima do carro de som alugado pelo SEPE e mas bombas ouvia... Sai do carro de som e voltei para a praça de guerra que se tornara a Cinelândia, pois lá ficara muitas pessoas, inclusive a moça grávida que hoje é mãe do saudável Thomás. Me desencontrei de todos e nem celular para me comunicar eu tinha. Mas alguém que me conhecia da Regional VI deixou o seu celular comigo e consegui, depois de um tempo, o contato que me tranquilizou. Apesar das bombas e seus trovões e gases, tudo estava bem.
E agora, quando devíamos protestar firmemente contra tudo aquilo, agora a direção do sindicato nos diz, sem paralisação, que devemos participar de um ato marcado para as 17 horas no centro da cidade do Rio no dia primeiro. Esqueceu ou fingiu esquecer que na Rede as aulas não existem só no primeiro turno. Ou eles brincam de fazer movimento social ou com muita seriedade tentam impedir que este movimento aconteça. Estarei, assim como muitos, impedido pela direção do meu sindicato a participar das atividades propostas. Estarei dando aulas em Realengo na Tasso da Silveira entre 13 horas e 22 horas (incluindo o PEJA) no dia do evento... como querem estes diretores que a categoria participe? Não querem. De fato não querem. O que desejam é mais um ato esvaziado para dizerem que não podem fazer nada e que devem voltar para suas campanhas eleitorais e para a administração do aparato do sindicato. Querem a paz dos cemitérios.
Esta direção cada vez mais se mostra ao que veio: enterrar-se no lodo da história. Lembram os velhos PCs quando em 1985 apoiavam Sarney e se colocavam contra as greves e lutas sindicais chamando quem as defendiam (os antigos membros do PT) de radicais e outras coisas mais. Conciliadores com grupos burgueses e estatais, estes que ainda se pensam de esquerda não percebem porque continuam a patinar diante da falta de apoio popular às suas propostas. Assim como os velhos PCs, entraram no lodo da história e, pelo visto, se acostumaram.
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Comentários pertinentes :
> Suraia Mockdece El-kaddoum : Apesar das direções sindicais, é preciso lembrar porque a luta se estende além dessas direções. A LUTA É DE TODOS! Neste dia não vai ter paralisação, mas com certeza quem viveu reviverá e vai ter gente na rua pra lutar!
> Cerezo Honorato, comentou no grupo 'Ocupa Sepe' : Nossa, que foto!!! Ou melhor :ela dá a exata dimensão de quanto a opressão repressiva do Estado reduziu o direito à greve e de se manifestar.....Estamos confinado como se só tivéssemos o direito de olhar lá fora por uma apertada janelinha....E se sairmos, lá fora não teremos boa recepção....
> Omar Costa : É de se lamentar que a direção do Sepe tenha usado de golpe para que a categoria não se mantivesse unida e protestassem juntos essa data.
> Isabel Aragão : Fica claro o temor de que uma base tão combativa, embora tão sofrida, se organize em atos nesse período eleitoral.
Fica claro o temor de que uma base tão combativa, embora tão sofrida, se organize em atos nesse período eleitoral.
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