O comp@nheiro Prof. Fabrício Fonseca comentou no grupo do facebook "Professores do Estado do RJ (SEEDUC_RJ) : É a melhor e mais completa análise que li até agora sobre a MEDIDA PROVISÓRIA que reformula o ENSINO MÉDIO!
Vale a pena ler, sobretudo os alunos da rede pública e docentes de Educação Física, Filosofia, Sociologia, Artes e Espanhol.
"Listinha, que compartilho aqui com vocês. Se tiverem visto mais pontos perigosos, por favor, complementem:
Apesar de o MEC ter dito ontem à noite que não vai tirar disciplinas, não é o que está na MP. E mesmo que recuem nesse ponto, a MP ainda é extremamente problemática.
Vou tentar elencar aqui os principais problemas:
1) a parte básica do Ensino Médio vai ser reduzida para 1 ano e meio e depois já seguiria para os "itinerários formativos": matemáticas, linguagens, ciências da natureza, ciências humanas e profissionalizante. *Não haverá todas as 5 em cada escola. Cada escola pode ter apenas uma dessas áreas, o que pode fazer com que na periferia só tenha a opção de fazer o profissionalizante*, por exemplo;
2) não dá tempo, em um ano e meio, para os estudantes terem acesso a um conteúdo mínimo das principais disciplinas;
3) retirar do aluno o acesso a essas disciplinas é expropriá-los de seus direitos básicos de acesso a esses conhecimentos;
4) a carga horária vai passar de 800 horas para 1400, o que, aparentemente, seria interessante, mas, na MP, está claro que parte dos créditos pode ser contada com experiências profissional, atividades à distância etc. Ou seja, *forma-se um montante de força de trabalho barata* (ou até voluntária) e disponível para o mercado;
5) Retira-se *artes* e *educação física* do EM;
6) Retira-se a obrigatoriedade de *Sociologia* e *Filosofia* (vai depender da decisão em torno da Base Nacional Curricular Comum), mas em 1200 horas, provavelmente não encaixarão tais disciplinas;
7) O professor não precisa mais de um diploma de licenciatura, só precisa de "saber notório". Isso tem direta relação com a aproximação com o mercado. Provavelmente muita gente de empresas vai dar cursos nas escolas. Isso tem um impacto tremendo aos cursos de licenciatura, nos quais se encontram a camada mais pobre de estudantes das universidades públicas. Sem contar o impacto sobre os estudantes que terão aulas com pessoas sem formação pedagógica;
8) A MP também prevê a concessão de certificados intermediários de "qualificação" para o trabalho, ou seja, já no meio do curso você pode ser encaminhado para o mercado de trabalho como *força de trabalho mais barata ainda*, porque sem diploma, somente com certificados;
9) A MP prevê aproveitamento de créditos do Ensino Médio no Ensino Superior (nem sei como comentar tamanha bizarrice!);
10) Prevê obrigatoriedade do inglês, uma necessidade também do mercado;
11) Por fora da MP, corre um PL em paralelo de obrigatoriedade da disciplina de empreendedorismo, o que ideologicamente reforça a autoculpabilização do fracasso e sucesso do estudante e a ideia de *meritocracia*;
12) Tem relação direta também com a *PEC 241* que impõe um teto de gasto com educação para os próximos 20 anos;
13) Aproxima-se das empresas em relações público-privadas, *OSs* para gestão etc.;
14) *Desemprega e precariza ainda mais o trabalho docente*;
15) Pode aproximar-se (ou até substituir) o Projeto *Escola Sem Partido*, porque se aproxima muito de suas propostas, de um ensino que instrui ao invés de educar.
Enfim, trata-se de um ataque brutal à educação, especialmente à educação pública, porque as escolas privadas da elite continuarão proporcionando acesso a esses conhecimentos a seus estudantes, enquanto a escola pública oferece força de trabalho a preços irrisórios no mercado."
Contudo até as escolas privadas serão afetadas, pois terão que ter dois turnos de aulas o que acarretará aumento do preço das mensalidades. A MP afeta a todos e todas!
Estou repassando o texto por ter total acordo com quem escreveu a parte entre aspas, não sei o nome para identifica-lo(a).
*Prof. Hugo Brandão/IFAL*
*Membro da Comissão Nacional Docente do SINASEFE*
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Manifesto do Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio - Não ao retrocesso proposto pelo Ministério da Educação do Governo Temer
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Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio.
MANIFESTO DO MOVIMENTO NACIONAL EM DEFESA DO ENSINO MÉDIO (AGOSTO 2016)NÃO AO RETROCESSO PROPOSTO PELO MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO DO GOVERNO TEMERClique para baixar o documento em PDF
O Movimento Nacional pelo Ensino Médio foi criado por dez entidades do campo educacional – ANPED (Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação), CEDES (Centro de Estudos Educação e Sociedade), FORUMDIR (Fórum Nacional de Diretores das Faculdades de Educação), ANFOPE (Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação), Sociedade Brasileira de Física, Ação Educativa, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, ANPAE (Associação Nacional de Política e Administração da educação), CONIF (Conselho Nacional Das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional Científica e Tecnológica) e CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) e foi criado no início de 2014 com vistas a intervir no sentido da não aprovação do Projeto de Lei nº 6.840/2013* . Para esse fim empreendeu um conjunto de ações junto ao Congresso Nacional e ao Ministério da Educação, além de criar uma petição pública. Destas ações resultou um Substitutivo por meio do qual, se não se logrou obter avanços, ao menos evitou-se o maior retrocesso. O Substitutivo ao PL 6.840/13 foi aprovado na Comissão Especial da Câmara dos Deputados em dezembro de 2014. Na atual conjuntura, diante da investida do Ministério da Educação em retomar a versão original do PL 6.840/2013, o Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio se vê mais uma vez convocado a se manifestar.
O Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio manifesta as razões pelas quais é contrário às proposições de reformulação presentes no PL 6.840/2013: A respeito da proposição de Ensino Médio diurno em jornada de 7 horas para todos, o Movimento Nacional pelo Ensino Médio entende que, em que pese a importância da oferta da jornada completa, a compulsoriedade fere o direito de acesso à educação básica para mais dois milhões de jovens de 15 a 17 anos que estudam e trabalham ou só trabalham (PNAD/IBGE 2011). Na mesma direção, a proibição de acesso ao ensino noturno para menores de 17 anos constitui-se em cerceamento de direitos além de configurar-se em uma superposição entre o Ensino Médio na modalidade de educação de jovens e adultos e o Ensino Médio noturno ‘regular’. A proposta para o Ensino Médio noturno com duração de quatro anos com a jornada diária mínima de três horas, contemplando o mesmo conteúdo curricular do ensino diurno desconsidera as especificidades dos sujeitos que estudam à noite, especificidades etárias, socioculturais e relativas à experiência escolar que culminam por destituir de sentido a escola para esses jovens e adultos. Do ponto de vista da organização curricular, a proposição de opções formativas em ênfases de escolha dos estudantes reforça a fragmentação e hierarquia do conhecimento escolar que as DCNEM lograram enfrentar. O PL nº 6.840/2013 retoma o modelo curricular dos tempos da ditadura militar, de viés eficienticista e mercadológico. A organização com ênfases de escolha para uma ou outra área contraria tanto a Constituição Federal quanto a LDB que asseguram o desenvolvimento pleno do educando e a formação comum como direito. A opção para o ensino superior vinculada à opção formativa do estudante retoma o modelo da reforma Capanema da década de 40 e se constitui em cerceamento do direito de escolha e mecanismo de exclusão. A proposta de opções formativas ou ênfases conduz à privação do acesso ao conhecimento bem como às formas de produção da ciência e suas implicações éticas, políticas e estéticas, acesso este considerado relevante neste momento histórico em que as fusões de campos disciplinares rompem velhas hierarquias e fragmentações. A proposta do PL nº 6.840/2013 de organização curricular com base em temas transversais às disciplinas retoma o formato experimentado em período recente da educação brasileira a partir das Diretrizes Curriculares Nacionais anteriores às que estão em vigência, e que se mostrou inócuo. As atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (DCNEM) definem o currículo, em seu Art. 6º: “O currículo é conceituado como a proposta de ação educativa constituída pela seleção de conhecimentos construídos pela sociedade, expressando-se por práticas escolares que se desdobram em torno de conhecimentos relevantes e pertinentes, permeadas pelas relações sociais, articulando vivências e saberes dos estudantes e contribuindo para o desenvolvimento de suas identidades e condições cognitivas e sócio-afetivas”. (Resolução CNE/SEB 2/2012). Portanto, o currículo é visto como elemento organizador das experiências significativas que deve a escola propiciar. As atuais Diretrizes preconizam que haja uma estreita relação entre o conhecimento tratado na escola e sua relação com a sociedade que o produz. Desse modo, não cabe falar em “temas transversais”, posto que todo conhecimento, ao estar vinculado ao contexto social que o produziu adquire sentido e expressão na construção da autonomia intelectual e moral dos educandos. A inclusão no último ano do Ensino Médio da proposta de que o estudante possa fazer a opção por uma formação profissional contraria o disposto nos Artigo 35 da LDB 9.394/96 e desconsidera a modalidade de Ensino Médio Integrado à Educação Profissional, mais próxima da concepção proposta nas DCNEM e já em prática nas redes estaduais e federal. O PL 6.840/2013 desconsidera, ainda, pré-requisitos fundamentais para o aprimoramento da qualidade do Ensino Médio que vêm sendo indicados há décadas como necessários e urgentes e ainda não suficientemente enfrentados, tais como a sólida formação teórica e interdisciplinar dos profissionais da educação, em cursos superiores em contraposição às concepções “minimalistas” (Cf. Art 3º do PL 6.840 que altera o disposto no Art. 62 da LDB quanto às licenciaturas e propõe a formação por áreas do conhecimento).
A proposição recentemente anunciada pela Secretária Executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, de oferecer um Ensino Médio comum a todos por um ano ou no máximo um ano e meio, após o que se daria a partição em opções formativas ou ênfases como justificativa para um currículo “mais flexível” mutila e sonega o conhecimento escolar para a ampla maioria dos estudantes que se encontram no Ensino Médio público. Aliada à ideia de que a educação profissional possa ser uma das opções formativas e encaminhada à iniciativa privada, essas propostas configuram um aligeiramento ainda maior do que o proposto no PL original.
O Movimento Nacional se manifesta a favor de uma concepção de Ensino Médio como educação básica, como educação “de base”, e que, portanto, deve ser comum e de direito a todos e todas. Coloca-se, portanto, contrário às proposições que caracterizam um Ensino Médio em migalhas e configuram uma ameaça à educação básica pública e de qualidade para os filhos e filhas das classes trabalhadoras. O Movimento defende, amparado nas atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio que, sendo a última etapa da educação básica, se assegure a todos e todas, cidadãos e cidadãs brasileiras, o acesso a uma formação humana integral, entendida como aquela que busca garantir o pleno desenvolvimento intelectual, afetivo, físico, moral e social, com base em princípios ético-políticos que sustentem a autonomia intelectual e moral e que oportunizem a capacidade de análise e de crítica, tendo, enfim, a emancipação humana como princípio e finalidade. O Movimento Nacional pelo Ensino Médio propõe a organização de um currículo que integre de forma orgânica e consistente as dimensões da ciência, da tecnologia, da cultura e do trabalho, como formas de atribuir significado ao conhecimento escolar e, em uma abordagem integrada, produzir maior diálogo entre os componentes curriculares, estejam eles organizados na forma de disciplinas, áreas do conhecimento ou ainda outras formas previstas nas DCNEM. Por meio dessa perspectiva se é capaz de enfrentar a excessiva hierarquia e fragmentação do conhecimento escolar e contribuir com a superação das concepções reducionistas que ora entendem o Ensino Médio como preparatório para o ensino superior, ora o dirigem para a formação mais restrita para o mercado de trabalho. Na defesa do direito ao Ensino Médio como educação básica, o Movimento Nacional reitera o que consta nas DCNEM sobre a necessidade de conter o abandono e qualificar a permanência dos jovens na última etapa da educação básica. Nesse sentido, assegurar o direito à educação e caminhar em direção à universalização do Ensino Médio passa por reconhecer as múltiplas juventudes que estão na escola, sua diversidade, necessidades e direitos.
*O PL nº 6.840/2013 é resultado do Relatório da Comissão Especial destinada a promover Estudos e Proposições para a Reformulação do Ensino Médio – CEENSI e propõe alterar a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 com vistas a instituir a jornada em tempo integral no ensino médio, dispor sobre a organização dos currículos do ensino médio em áreas do conhecimento e dar outras providências.
POR UMA FORMAÇÃO HUMANA INTEGRAL – NÃO AO RETROCESSO NO ENSINO MÉDIO ( MAIO 2014)
Associação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Educação – ANPED, Centro de Estudos Educação e Sociedade – CEDES, Fórum Nacional de Diretores das Faculdades de Educação – FORUMDIR, Associação Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação – ANFOPE, Sociedade Brasileira De Física, Ação Educativa, Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Grupo Interinstitucional de Pesquisa sobre o Ensino Médio EMpesquisa, Rede EMdiálogo – Rede de Universidades que mantém o Portal Diálogos com o Ensino Médio, APP Sindicato dos Professores do Paraná, Grupo These da UFF e UERJ.
A oposição com vistas à não aprovação do PL 6840/2013 se dá por meio de ações junto ao Congresso Nacional e ao Ministério da Educação, além da criação de uma petição pública. (http://peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR68899)
As propostas de reformulação do ensino médio em tramitação na Câmara dos Deputados (PL nº 6.840/2013) apresentam sérios equívocos e inconsistências. Parte da orientação dessas propostas deriva de uma visão catastrófica dessa etapa da educação básica, infelizmente compartilhada por muitos educadores e gestores da educação, para os quais expressões como “crise”, “fracasso”, “falta de identidade” têm sido as mais utilizadas para caracterizar o ensino médio brasileiro. Esse tipo de afirmação, que sempre recebe boa acolhida na mídia, ajuda a construir uma imagem de inutilidade do ensino médio, que em nada contribui para um debate construtivo. É lamentável que a Câmara dos Deputados vá pelo mesmo caminho.
De fato, o ensino médio é atualmente a etapa mais problemática da escolarização, a que tem mostrado maiores dificuldades em cumprir suas atribuições e garantir o direito à educação básica para todos os brasileiros, como previsto na Constituição Federal. As explicações para isso dependem do ideário, concepções e interesses de quem as formula. Vão desde a deficiência na infraestrutura até atributos negativos nos estudantes, passando pela escassez de recursos, a falta de professores capacitados, as propostas pedagógicas inadequadas etc, etc. Independente da pertinência, ou não, destas justificativas (e algumas realmente são procedentes), poucas vezes se considera a história de desigualdades sociais do Brasil e o projeto de sociedade excludente que está na raiz da nossa formação como país. E esses fatores são, de fato, determinantes na educação, em particular no ensino médio, como etapa decisiva da trajetória individual e da reprodução social.
Não obstante, a educação brasileira tem registrado alguns poucos avanços (fruto de lutas que vem sendo travadas desde os anos 70) e que agora estão sob ameaça de retrocesso. A Comissão Especial da Câmara Federal sobre Reformulação do Ensino Médio não considera esses avanços, não parte das experiências adquiridas, não preserva conquistas, preferindo adotar uma visão negativa e desqualificadora dessa etapa do ensino, como se fosse necessário começar tudo do zero.
O relatório final da Comissão confunde propositalmente educação integral com educação em tempo integral. Enquanto a primeira significa formação humana, ou seja, dotar os estudantes de uma base sólida de conhecimentos que lhes permita desenvolver-se plenamente, a segunda preocupa-se em estender o tempo que os estudantes passam na escola. E até mesmo no que se refere ao prolongamento da jornada, o PL 6840/2013 desconsidera prerrequisitos fundamentais, como infraestrutura adequada; professores com jornada completa, com salários e carreira compatíveis; novas metodologias e um currículo que integre de forma orgânica e consistente ciência, tecnologia, cultura e trabalho, sem o reducionismo geralmente proposto com vistas à formação estreita para o mercado de trabalho. Ou seja, com a compulsoriedade do tempo integral vai-se apenas submeter os alunos a uma cesta de atividades e conteúdos dispersos. Além disso, e igualmente importante, a proposta de compulsoriedade do Ensino Médio diurno em tempo integral promove a exclusão dessa etapa da educação básica de um amplo contingente de jovens que estudam e trabalham.
Outras sugestões indicam que apesar do uso do termo “integral” a proposta em tramitação (PL 6840/2013) torna o ensino médio ainda mais parcial, incompleto, fragmentado, incapaz de realizar a formação integral. É o caso de organizar o currículo do terceiro ano diversificando as trajetórias de formação segundo áreas de conhecimento (ciências humanas, ciências naturais, formação profissional), que antecipa os processos de especialização para educação básica. Isso fere de morte a proposta de integração com base na qual estão estruturadas as atuais Diretrizes Curriculares Nacionais de Ensino Médio (DCNEM), cuja formulação foi resultado de lutas por uma educação democrática, travadas pela sociedade e suas entidades de educadores.
Esses anseios da sociedade estão expressos tanto na Constituição Federal como na LDB, respectivamente, em seus artigos 205 e 22, que asseguram o desenvolvimento pleno do educando e a formação comum como direito. A proposta desconsidera esses anseios, mesmo havendo base nacional comum, pois o fato de ser obrigatório realizar opções na terceira série estabelece uma diferenciação formativa no ensino médio e, portanto, na educação básica, ferindo o princípio constitucional de igualdade de acesso aos bens culturais.
Ao mesmo tempo, a proposta de formação profissional, como uma das opções formativas, nega a existência da modalidade de Ensino Médio Integrado à Educação Técnico Profissional, legalmente instituído e que ainda pelo seu incipiente processo de implantação não pode ser considerado suficientemente testado.
A proposta de inclusão de temas transversais para produzir uma “maior interação e articulação entre os diferentes componentes e conteúdos curriculares” não se sustenta na medida em que as atuais DCNEM entendem o currículo como elemento organizador das experiências significativas que a escola deve propiciar. Estas diretrizes preconizam que haja uma estreita relação entre conhecimento tratado na escola e sua relação com a sociedade que o produz. Deste modo, não cabe falar em “temas transversais” já que todo conhecimento, ao estar vinculado ao contexto social que o produziu, adquire sentido e expressão na construção da autonomia intelectual e moral dos educandos.
A proposta de eliminação do ensino noturno para menores de 18 anos desconhece que 78% da população economicamente ativa começa a trabalhar antes dos 18 anos de idade. (PNAD- DIEESE, 2008). Dados do IBGE de 2011 informam que 31,5% dos jovens de 15 a 17 anos trabalham e estudam, estudam e procuram emprego ou só trabalham. Isso significa que acabar com o ensino noturno para essa faixa de idade é, de fato, exclui-la do sistema de ensino. É negar o direito à educação básica já conquistado. Destinar o ensino médio noturno apenas à faixa etária dos 18 anos em diante significa duplicar uma política já existente, que é a EJA, ou em outros termos, a superposição de modalidades que cumprem a mesma atribuição.
A proposta de expansão de Educação Profissional Técnica através da ampliação dos acordos de gratuidade com o Sistema S e de crescimento do Pronatec, representa, como já sabido, uma manifestação aberta da subordinação da Educação Profissional aos interesses do mercado. Além disso, expressa claramente a atual tendência dominante nas políticas da área de favorecer o repasse governamental de vultuosos recursos à iniciativa privada, em particular ao sistema S, que já é sustentado com recursos públicos, apesar de ter gestão privada.
Com base no exposto, os signatários exortam os senhores congressistas e educadores de todo o país a rejeitar o PL, em defesa do pouco que até agora se conquistou em termos de uma educação integral.
Movimento Nacional pelo Ensino Médio. Em defesa do direito à Educação Básica. Em defesa de um Ensino Médio que integre de forma orgânica e consistente Ciência, Cultura, Trabalho e Tecnologia. Em defesa de uma formação integrada e integral.
Contato: movimentoensinomedio@gmail.com
ASSINE A PETIÇÃO. VAMOS JUNTOS IMPEDIR O RETROCESSO NO ENSINO MÉDIO.
http://www.observatoriodoensinomedio.ufpr.br/movimento-nacional-em-defesa-do-ensino-medio-2/
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Ensino médio: a MP do atraso , Publicado em 10/09/2016 por Luiz Carlos de Freitas:
O governo ameaça fazer a reforma do ensino médio através de uma Medida Provisória (MP), caso o Congresso não tramite com urgência o projeto de lei que trata da matéria. Isso revela uma disposição de implantar a qualquer preço uma reforma tida como “salvacionista” do ensino médio, na esteira das dificuldades dos índices do ensino médio.
O ensino médio é parte da educação básica, portanto, redundando, estamos falando de uma formação básica que dê lastro para uma profissionalização. Ao estreitar a formação básica, o governo antecipa a entrada do estudante na formação profissional com prejuízo para aquela formação básica. A redução será de dois anos, pois somente o primeiro ano do ensino médio seria comum. Provavelmente, para os demais anos haveria um estreito “common core”, um núcleo comum, baseado em português, matemática e talvez ciências. As demais disciplinas poderiam ser diferentes.
Ocorre que o próprio capitalismo, desde Dewey, sempre defendeu que o importante em termos de mão de obra é o trabalhador polivalente, ou seja, o contrário da profissionalização estreita. Para ele, nada poderia ser mais absurdo do que a preparação para uma atividade profissional específica. À mesma época de Dewey, os teóricos russos criavam a noção de formação politécnica, destinada a uma preparação do trabalhador mais ampla que permitisse, posteriormente, uma profissionalização. Nas duas matrizes ideológicas, a especialização precoce é atraso. De lá para cá, com o desenvolvimento da grande empresa e a automação, a polivalência tem sido cada vez mais requerida nos moldes do desenvolvimento capitalista.
O projeto do governo nos leva à era pré-Dewey, ou seja, nos remete ao início do século passado. Portanto, implementar a reforma que o governo quer não atende nem mesmo aos interesses do grande capital de hoje.
O governo quer mostrar serviço com uma “MP do atraso” e poderá, com esta insistência, cometer graves erros que levem o próprio país a ter dificuldades no futuro. Mas há outros aspectos a considerar.
Assim se manifesta o Movimento Nacional em defesa do Ensino Médio:
“O Movimento Nacional se manifesta a favor de uma concepção de Ensino Médio como educação básica, como educação “de base”, e que, portanto, deve ser comum e de direito a todos e todas. Coloca-se, portanto, contrário às proposições que caracterizam um Ensino Médio em migalhas e configuram uma ameaça à educação básica pública e de qualidade para os filhos e filhas das classes trabalhadoras. O Movimento defende, amparado nas atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio que, sendo a última etapa da educação básica, se assegure a todos e todas, cidadãos e cidadãs brasileiras, o acesso a uma formação humana integral, entendida como aquela que busca garantir o pleno desenvolvimento intelectual, afetivo, físico, moral e social, com base em princípios ético-políticos que sustentem a autonomia intelectual e moral e que oportunizem a capacidade de análise e de crítica, tendo, enfim, a emancipação humana como princípio e finalidade. O Movimento Nacional pelo Ensino Médio propõe a organização de um currículo que integre de forma orgânica e consistente as dimensões da ciência, da tecnologia, da cultura e do trabalho, como formas de atribuir significado ao conhecimento escolar e, em uma abordagem integrada, produzir maior diálogo entre os componentes curriculares, estejam eles organizados na forma de disciplinas, áreas do conhecimento ou ainda outras formas previstas nas DCNEM. ”
O projeto do governo visa ainda uma profunda fragmentação do ensino médio em um conjunto de terminalidades após o primeiro ano de estudos. Esta estratégia vai incrementar a segregação escolar, permitindo apenas que os jovens de maior poder aquisitivo escolham aquelas terminalidades que dão acesso, de fato, ao ensino superior, incentivando o estudante de baixa renda a procurar o mercado de trabalho.
Para o Movimento Nacional em defesa do Ensino Médio:
“A proposição recente, anunciada pela Secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, de oferecer um Ensino Médio comum a todos por um ano ou no máximo um ano e meio, após o que se daria a partição em opções formativas ou ênfases como justificativa para um currículo “mais flexível” mutila e sonega o conhecimento escolar para a ampla maioria dos estudantes que se encontram no Ensino Médio público. Aliada à ideia de que a educação profissional possa ser uma das opções formativas e encaminhada à iniciativa privada, essas propostas configuram um aligeiramento ainda maior do que o proposto no PL original.”
A pá de cal virá do modelo de “escola em tempo integral”, que não tem nada a ver com “escola de educação integral”, sempre bem-vinda. Esta será mais uma dificuldade para o estudante de baixa renda enfrentar, já que ele trabalha durante o dia. Estudo do CENPEC já detecta isso em São Paulo no programa de tempo integral de seu ensino médio, que é uma cópia do esquema de privatização existente em Pernambuco no ensino médio e foi louvado em entrevista pelo Ministro da Educação.
Para o Movimento Nacional em defesa do Ensino Médio:
“A proposta para o Ensino Médio noturno com duração de quatro anos com a jornada diária mínima de três horas, contemplando o mesmo conteúdo curricular do ensino diurno desconsidera as especificidades dos sujeitos que estudam à noite, especificidades etárias, socioculturais e relativas à experiência escolar que culminam por destituir de sentido a escola para esses jovens e adultos. Do ponto de vista da organização curricular, a proposição de opções formativas em ênfases de escolha dos estudantes reforça a fragmentação e hierarquia do conhecimento escolar que as DCNEM lograram enfrentar. O PL nº 6.840/2013 retoma o modelo curricular dos tempos da ditadura militar, de viés eficienticista e mercadológico.”
Com os resultados do IDEB no ensino médio divulgados, o governo está procurando estabelecer urgência na aprovação de seu projeto, como se os resultados do IDEB apurados até agora pudessem ser alterados com este projeto. Não há nenhuma evidência empírica desta relação.
Fonte : Ensino médio: a MP do atraso
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Um monte de políticos profissionais e líderes religiosos que não entendem nada sobre educação querem impor a professores que passaram a vida inteira estudando educação como devem lecionar suas aulas. É isso que se trata a reforma curricular prevista pelo MEC e o projeto escola sem partido. Evidentemente o objetivo é dificultar a formação critica da juventude para que esta não ameace a política de currais eleitorais e de manipulação teológica das massas.
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> Jane Fernandes : Reforma do Ensino Médio. Reduzindo a Educação, excluindo quem não pode pagar, retrocesso total!
https://www.youtube.com/watch?v=cnIoN1nK_m8&sns=fb
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> Jane Fernandes :Ensino Médio. Esta Reforma é um retrocesso. De volta a uma Ditadura do Projeto Capanema de Getúlio Vargas... Veja as reflexões deste pesquisador Gaudêncio Frigotto.
https://www.youtube.com/watch?v=Cb4wIcsUABI&sns=fb
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> Enrico Malatesta : Esta Medida Provisória agrava os problemas do ensino médio?
Sim. Porque essa reforma traz essa mesma justificativa do índice de evasão, estagnação, etc., mas a maldade, digamos assim, é que ela reduz drasticamente o que podem ser os interesses da juventude. E delibera, inclusive sem ouvir a comunidade educacional, sem ouvir os próprios estudantes, sobre o que podem ser os seus interesses. Sabe o que eles dizem na MP que são os interesses do jovem? Ter uma formação mínima, que na prática é ter uma formação precária. É isso. Então a síntese dessa medida é uma formação precária, que vai se tornar realidade, principalmente, para os filhos da classe trabalhadora.
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18/09/2016
Proposta mais radical do MEC prevê Ensino Médio com apenas 4 disciplinas
Imagem: Agência Brasil
Por Fábio Assunção, Brasília | O ministro Mendonça Filho anunciou que pretende aprovar reforma do ensino médio até dezembro deste ano. Declaração foi dada na abertura do Seminário Internacional de Gestão Escolar.
Matéria publicada na Folha de S. Paulo (16.09), sintonizada com os interesses do governo, diz que "13 disciplinas para o ensino médio correspondem a uma estrutura engessada, distante dos interesses dos jovens". Ideia mais radical do MEC reduz esse total para apenas 4 matérias, mais o ensino técnico.
Estrutura pode ficar assim, com base nas provas do Enem:
Há, contudo, divergências dentro do próprio governo quanto a essa proposta mais radical, sobretudo em relação às dificuldades que se teria para aplicá-la concretamente. "Como, por exemplo, alguém licenciado em Português vai ministrar aulas de Educação Física?", indaga o prof. doutor Gomes Filho, formado pela USP.
Para amenizar tal situação, alguns técnicos do MEC defendem que no 1º ano deve haver uma grade comum para todos, e nos dois anos seguintes os alunos escolheriam uma área única para se aprofundar, como por exemplo Humanas ou outra qualquer.
Em qualquer das hipóteses, o governo garante que haverá um período de adaptação. Os atuais professores passarão por um aperfeiçoamento contínuo e os demais já serão contratados dentro das novas regras, asseguram especialistas do MEC.
Segundo ainda matéria da Folha (16.09), projeto deve ser aprovado facilmente, pois "praticamente todos os secretários estaduais de educação apoiam a medida".
Fonte : http://www.midiapopular.net/news/proposta-mais-radical-do-mec-preve-ensino-medio-com-apenas-4-disciplinas/
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Rio, 22/09/16
Rio, 22/09/16
OUTRA VEZ NÃO FOMOS CONSULTADOS.
Mais uma vez nós professores, alunos, responsáveis e comunidade escolar não fomos consultados sobre como melhorar no ensino médio. Os consultados as fundações e associações privadas que recebem verbas da educação como Unibanco, Todos pela educação, Fundação Ayrton Senna e Fundação Roberto Marinho.
O Governo Federal com apoio desses grupos empresariais resolveu modificar todo ensino médio, uma das modificação é a flexibilização 50% das matérias do ensino médio não serão obrigatórias. O problema o governo se omitiu é que a maioria das escolas tem carências em matérias como física, filosofia, sociologia, química, matemática, biologia. Como flexibilizar o ensino médio se não existem professores para suprir as necessidades do aluno e da escola. Temos uma queda de interesse pelos cursos universitários nas áreas ligadas ao magistério, e em 5 ano 40% dos professores do Brasil irão se aposentar, o que aumentara mais ainda o deficit.
A proposta de reformulação do ensino média é falha, pois não leva em consideração as melhorias nas condições de trabalho dos professores, as condições estruturais das escolas, cuja maioria é péssima, para a melhoria do aprendizado dos alunos e ao utilizar o IDEB que todos sabem que é uma fraude como base de informação.
Texto do Prof. Luiz Carlos
Mais em "Professores não são Ouvidos sobre Educação, em :
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Em 23/09/16 no jorna Extra :
Vale a Leitura Crítica Sobre a M.P do Ensino Médio
Os dois problemas fundamentais da reforma do ensino
Por: Bruno Garschagen.
Por: Bruno Garschagen.
Para começo de conversa, parem de chamar ensino de educação. Quem educa é a família. A responsabilidade da escola é ensinar. Vejam o vídeo acima do professor José Monir Nasser. Ponto.
Não sou especialista em educação, mas, do ponto de vista político, há dois problemas fundamentais na reforma proposta pelo governo de Michel Temer:
1) O governo federal decidir um assunto que deveria ser definido pelos Estados, que são responsáveis pelo ensino médio. Como o ensino médio estatal é, na média, sofrível, os Estados estão na bancarrota e a reforma exige mais investimento, trata-se de uma conta que não fecha.
2) A quantidade de disciplinas e o aumento da carga horária tendo como norte o ensino em tempo integral não deveriam ser um objetivo final (sim, sou favorável a um currículo obrigatório mínimo). A finalidade do ensino deveria ser essa coisa velha, antiga, arcaica, estilo Idade Média: um ensino de qualidade e exigente que permita ao aluno querer estudar e terminar o ensino médio dominando o idioma pátrio e as operações matemáticas (e dominando ou sabendo as demais disciplinas).
A responsabilidade do governo federal deveria ser limitada ao ensino superior, que é sua atribuição.
O padrão é insólito: ensino fundamental e ensino médio estatal são uma porcaria. Estudei parte da minha vida em escola pública municipal e sei do que estou falando - de lá para cá a coisa piorou. A maioria dos alunos estava lá para comer merenda – e não poderia ser diferente, considerando que não tinham o que comer em casa.
Lembro que um colega de turma desmaiou de fome no início de uma aula de educação física que era realizada numa quadra poliesportiva que parecia uma cidade da Síria recém-bombardeada. Aula de educação física? O professor jogava uma bola de futebol velha para cima e sempre tinha um colega a gritar a palavra de ordem: "bola presa é pau". E começava a carnificina.
Tirando alguns heróis que davam expediente como professores, donos de uma capacidade extraordinária de ensinar a matéria e de nos empolgar, o nível geral era, na falta de uma palavra melhor, sofrível. Terra devastada, como no famoso poema de T. S. Eliot.
Por isso, senhoritas e cavalheiros, qualquer reforma de ensino na atual situação do Brasil estará fadada ao fracasso se não se concentrar em pontos fundamentais como:
- Escolas com infraestrutura e limpas;
- Diretor (a) que saiba administrar a escola;
- Professores bem-remunerados que dominem o conteúdo e saibam transmiti-los de forma a seduzir os alunos para o conhecimento;
- Programa curricular obrigatório mínimo definido localmente no âmbito municipal (ensino fundamental) e estadual (ensino médio). Político e burocrata em Brasília não têm condições de reunir e processar todas as informações dispersas e necessárias para definir adequadamente a base curricular de acordo com as especificidades e necessidades regionais.
(Aqui entramos numa outra discussão fundamental: como municípios e Estados terão dinheiro para investir o necessário no ensino se a nossa estrutura tributária drena quase todos os recursos provenientes de tributos para a União?)
Essa tara centralizadora que deposita todas as esperanças de solução no governo federal é um de nossos principais vícios. Como se o governo federal tivesse a capacidade de realizar todas as expectativas de maneira eficiente, o que é um contrassenso se considerarmos todo o debate envolvendo os fracassos do governo federal. Aí eles dizem: basta vontade política. Não, doutor, não falta só vontade política. Falta dinheiro, falta formação gerencial e faltam ideias adequadas e uma compreensão completamente distinta sobre o papel do Estado e da responsabilidade dos indivíduos, a começar pela família.
Como pode dar certo uma escola semidestruída, toda pichada, com vazamentos por toda parte, com professores mal qualificados e mal pagos, com jovens mal educados e violentos atrapalhando aqueles que querem estudar e agredindo professores, e com os pais dos alunos mal educados e violentos que vão à escola agredir e ameaçar diretores e professores?
O problema fundamental da reforma, portanto, não foi apenas ter sido implementada por medida provisória e sem um debate prévio como se tem dito por aí - debate este que serviria para ratificar propostas ruins e sempre com a perniciosa ideia da "universalização", do "currículo nacional comum" e de todas as variações da pedagogia do oprimido que orientam o ensino formal no Brasil.
Sobre o conteúdo, não é preciso inventar a roda: voltemos aos clássicos, meus filhos, aos clássicos, e atualizemos a maneira de apresentá-los aos alunos de hoje.
Tudo o que fuja disso é tergiversação ou discussão irrelevante sobre uniforme para menino que não se sente menino e menina que não se sente menina - seguindo um programa ideológico convertido em lei. Neste caso, a minha proposta é simples: uniforme eunuco para omitir o gênero.
Não sou especialista em educação, mas, do ponto de vista político, há dois problemas fundamentais na reforma proposta pelo governo de Michel Temer:
1) O governo federal decidir um assunto que deveria ser definido pelos Estados, que são responsáveis pelo ensino médio. Como o ensino médio estatal é, na média, sofrível, os Estados estão na bancarrota e a reforma exige mais investimento, trata-se de uma conta que não fecha.
2) A quantidade de disciplinas e o aumento da carga horária tendo como norte o ensino em tempo integral não deveriam ser um objetivo final (sim, sou favorável a um currículo obrigatório mínimo). A finalidade do ensino deveria ser essa coisa velha, antiga, arcaica, estilo Idade Média: um ensino de qualidade e exigente que permita ao aluno querer estudar e terminar o ensino médio dominando o idioma pátrio e as operações matemáticas (e dominando ou sabendo as demais disciplinas).
A responsabilidade do governo federal deveria ser limitada ao ensino superior, que é sua atribuição.
O padrão é insólito: ensino fundamental e ensino médio estatal são uma porcaria. Estudei parte da minha vida em escola pública municipal e sei do que estou falando - de lá para cá a coisa piorou. A maioria dos alunos estava lá para comer merenda – e não poderia ser diferente, considerando que não tinham o que comer em casa.
Lembro que um colega de turma desmaiou de fome no início de uma aula de educação física que era realizada numa quadra poliesportiva que parecia uma cidade da Síria recém-bombardeada. Aula de educação física? O professor jogava uma bola de futebol velha para cima e sempre tinha um colega a gritar a palavra de ordem: "bola presa é pau". E começava a carnificina.
Tirando alguns heróis que davam expediente como professores, donos de uma capacidade extraordinária de ensinar a matéria e de nos empolgar, o nível geral era, na falta de uma palavra melhor, sofrível. Terra devastada, como no famoso poema de T. S. Eliot.
Por isso, senhoritas e cavalheiros, qualquer reforma de ensino na atual situação do Brasil estará fadada ao fracasso se não se concentrar em pontos fundamentais como:
- Escolas com infraestrutura e limpas;
- Diretor (a) que saiba administrar a escola;
- Professores bem-remunerados que dominem o conteúdo e saibam transmiti-los de forma a seduzir os alunos para o conhecimento;
- Programa curricular obrigatório mínimo definido localmente no âmbito municipal (ensino fundamental) e estadual (ensino médio). Político e burocrata em Brasília não têm condições de reunir e processar todas as informações dispersas e necessárias para definir adequadamente a base curricular de acordo com as especificidades e necessidades regionais.
(Aqui entramos numa outra discussão fundamental: como municípios e Estados terão dinheiro para investir o necessário no ensino se a nossa estrutura tributária drena quase todos os recursos provenientes de tributos para a União?)
Essa tara centralizadora que deposita todas as esperanças de solução no governo federal é um de nossos principais vícios. Como se o governo federal tivesse a capacidade de realizar todas as expectativas de maneira eficiente, o que é um contrassenso se considerarmos todo o debate envolvendo os fracassos do governo federal. Aí eles dizem: basta vontade política. Não, doutor, não falta só vontade política. Falta dinheiro, falta formação gerencial e faltam ideias adequadas e uma compreensão completamente distinta sobre o papel do Estado e da responsabilidade dos indivíduos, a começar pela família.
Como pode dar certo uma escola semidestruída, toda pichada, com vazamentos por toda parte, com professores mal qualificados e mal pagos, com jovens mal educados e violentos atrapalhando aqueles que querem estudar e agredindo professores, e com os pais dos alunos mal educados e violentos que vão à escola agredir e ameaçar diretores e professores?
O problema fundamental da reforma, portanto, não foi apenas ter sido implementada por medida provisória e sem um debate prévio como se tem dito por aí - debate este que serviria para ratificar propostas ruins e sempre com a perniciosa ideia da "universalização", do "currículo nacional comum" e de todas as variações da pedagogia do oprimido que orientam o ensino formal no Brasil.
Sobre o conteúdo, não é preciso inventar a roda: voltemos aos clássicos, meus filhos, aos clássicos, e atualizemos a maneira de apresentá-los aos alunos de hoje.
Tudo o que fuja disso é tergiversação ou discussão irrelevante sobre uniforme para menino que não se sente menino e menina que não se sente menina - seguindo um programa ideológico convertido em lei. Neste caso, a minha proposta é simples: uniforme eunuco para omitir o gênero.
Entrevista com a Professora Monica Ribeiro da Silva
(UFPR) sobre a Reformulação do Ensino Médio
A Professora Monica Ribeiro da Silva (UFPR) responde sobre a
Reformulação do Ensino Médio para reportagem que foi produzida sobre o mesmo
tema. Monica é formada em Pedagogia UNESP, mestre em Educação pela
UFSCar e doutora em Educação: História, Política e Ciências Sociais
pela PUC de São Paulo. Atualmente é professora associada na Universidade
Federal do Paraná e atua nos cursos de formação de professores e no
Programa de Pós-Graduação em Educação - Mestrado e Doutorado. É pesquisadora na
área de Políticas Educacionais com ênfase para o Ensino Médio e na
avaliação de políticas públicas. É coordenadora do Grupo de Pesquisa
Observatório do Ensino Médio e integrante do Movimento em Desefa do Ensino
Médio.
Professora Monica Ribeiro da
Silva (UFPR)
É realmente necessária uma
reformulação do Ensino Médio? Por quê?
Hoje o Ensino Médio no Brasil ocupa as preocupações de vários setores da
sociedade. Seja porque se tornou obrigatória a faixa etária de 15 a 17 anos,
seja porque temos mais de 3.5 milhões de jovens dessa faixa etária que ainda
encontram-se no Ensino Fundamental, ou ainda mais de um milhão sem qualquer
vinculo escolar. Mas não é apenas a necessidade ampliação do acesso que coloca
o Ensino Médio no centro das discussões: também a qualidade do ensino que é
oferecido, as condições de oferta muito desiguais, etc...Enfim, se olharmos
para esse conjunto de fatores, eu diria que sim, o Ensino Médio precisa ser
reformulado, porém, não basta uma mudança na organização do currículo. É
preciso pensar nessa amplitude de elementos: a formação do professores; as
condições do trabalho docente; a estrutura física e material das escolas;
políticas de assistência ao estudante, dentre eles.
Qual a principal diretriz que deve
nortear uma reformulação no Ensino Médio?
Pensar em única diretriz eu entendo como sendo perigoso pois recairíamos
em reducionismos. Talvez pensarmos em alguns eixos, por exemplo: levar em
consideração os jovens e suas necessidades em termos de educação (a juventude e
sua relação com a escola poderia ser um eixo); a docência (outro eixo); a
organização pedagógica e curricular (os, tempos, os espaços, os conhecimentos
escolares).
A sugestão de solução para o ensino
médio se coloca na reformulação do currículo, e quanto às práticas e autonomia
do professor em sala de aula? São necessárias também modificações em relação ao
modelo de ensino em sala de aula?
Colocar a reformulação do EM somente no currículo é um reducionismo, uma
simplificação. O currículo (que inclui o ensino, pois currículo não é apenas o
texto, a proposta curricular) é um elemento fundamental, mas a ele precisam
estar atreladas as demais condições já mencionadas.
Como você observa a participação dos
professores nesse processo?
Há um aparente envolvimento dos professores na discussão do documento
proposto pelo governo e intitulado Base Nacional Comum Curricular. Mas não vejo
aí uma participação efetiva.
Qual a principal crítica com relação
à proposta de reformulação do Ensino Médio?
Vou me referir ao Projeto de Lei 6840/2013 que trata da proposta de
reformulação do Ensino Médio e que hoje encontra apoio por parte do Ministério
da Educação do governo Temer. Do ponto de vista da organização curricular, O PL
nº 6.840/2013 retoma o modelo curricular dos tempos da ditadura militar
trazendo de volta a organização por opções formativas com ênfases de escolha dos
estudantes. No último ano do ensino médio o estudante faria a escolha por uma
das áreas do currículo ou pela formação profissional. Esse modelo reforça a
fragmentação e hierarquia do conhecimento escolar que as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o Ensino Médio visam minimizar. Além de significar
enorme prejuízo no que se refere à formação de nossos jovens, por negar-lhes o
direito ao conhecimento e a uma formação básica comum a todos/as os/as jovens,
o fatiamento do currículo em áreas ou ênfases leva à privação do acesso ao
conhecimento, bem como às formas de produção da ciência e suas implicações
éticas, políticas e estéticas. Acesso este considerado relevante neste momento
histórico em que as fusões de campos disciplinares rompem velhas hierarquias e
fragmentações.
A proposta do PL nº 6.840 de organização curricular, com base em temas
transversais às disciplinas, retrocede também ao retomar o formato
experimentado em período recente da educação brasileira que se mostrou inócuo.
As atuais Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica e para o
Ensino Médio entende o currículo como elemento organizador das experiências
significativas que a escola deve propiciar. As atuais Diretrizes preconizam que
haja uma estreita relação entre o conhecimento tratado na escola e sua relação
com a sociedade que o produz. Desse modo, não cabe falar em “temas
transversais”, posto que todo conhecimento, ao estar vinculado ao contexto
social que o produziu, adquire sentido e expressão na construção da autonomia
intelectual e moral dos educandos.
A compulsoriedade do cumprimento da jornada completa de 7 horas diárias
para todos ignora que no Brasil temos aproximadamente 2 milhões de jovens de 15
a 17 anos que estudam e trabalham. Será que esses jovens trabalham e estudam à
noite porque querem? Ou será que suas condições de vida os levam a isso? Propor
a obrigatoriedade do tempo integral demonstra total ignorância sobre quem são
os brasileiros que estudam no ensino médio. Demonstra também o desconhecimento
a respeito da rede de escolas que temos, o desconhecimento das condições em que
se realiza atualmente a formação e o trabalho docente, dentre outros aspectos
fundamentais para um ensino médio de qualidade. Além do que as escolas não
possuem estrutura física e material para isso. Muito menos professores em
quantidade suficiente para dobrar a jornada.
Em entrevista para nosso portal você
já afirmou que uma base formativa comum é interessante para o enfrentamento das
desigualdades, por quê?
Uma base formativa comum é uma coisa: é o que está, por exemplo, nas
Diretrizes Curriculares Nacionais (Resolução 02/12 do Conselho Nacional de
educação) que estabelece princípios comuns para a organização dos currículos
com vistas a assegurar a todos os mesmos direitos. Já uma lista única de
objetivos com vistas a estabelecer um padrão fechado para os currículos (como é
o caso do documento da Base Nacional Comum Curricular), produziria exatamente o
contrário, isto é, aprofundaria as desigualdades. Um padrão único em condições
desiguais mascara ou aprofunda essas desigualdades.
Com a reformulação do ensino médio,
uma das sugestões é oferecer ao aluno a possibilidade de obter o diploma do
ensino técnico junto ao do ensino médio. Ele cursaria um ano e meio de
currículo regular e um ano e meio de formação técnica. Você vê isso como um
avanço ou retrocesso? Por quê?
Quanto à formação para o trabalho, temos a possibilidade da Educação
Profissional Técnica de Nível Médio, preferencialmente na forma integrada – o
chamado Ensino Médio Integrado, que tem no mundo do trabalho, na integração
entre ciência e trabalho, entre formação científica básica e formação técnica
específica, o grande ganho em termos de formação profissional. Esta é mais
adequada por conseguir tratar de modo integrado a formação científica básica e
a formação técnico profissional. A proposta que você menciona, e que está em
consonância com o entendimento do MEC conforme explicitado recentemente, não
faz nem bem uma coisa (formação básica) e nem outra (formação profissional). É
um arremedo, um simulacro de formação.
Fonte : http://www.anped.org.br/news/entrevista-com-professora-monica-ribeiro-da-silva-ufpr-sobre-reformulacao-do-ensino-medio
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Ato contra a reforma do Ensino Médio
Evento na EPSJV reuniu trabalhadores e alunos da EPSJV para debater o assunto com representantes de movimentos estudantis e docentes
A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) promoveu, no dia 29 de setembro, um Ato contra a Reforma do Ensino Médio proposta pela Medida Provisória nº 746/16, publicada na semana passada pelo governo Michel Temer. O evento teve a participação de Gaudêncio Frigotto, professor do Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas e Formação Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), e de representantes do Grêmio Politécnico, da Associação dos Estudantes Secundaristas do Estado do Rio de Janeiro, da Associação Municipal dos Estudantes do Rio de Janeiro e da Associação Nacional dos Docentes do Ensino Superior.
Na abertura do ato, o diretor da EPSJV, Paulo César de Castro Ribeiro, destacou que propor uma reforma por meio de uma MP é uma atitude abrupta e que atropela qualquer forma de discussão com a sociedade. “A educação pública tem uma série de problemas que não passam só pelo currículo e que não serão resolvidos por uma MP, que ainda abriu a porta para a iniciativa privada, no lugar de fortalecer a educação pública”, disse Paulão, que, em seguida, leu a nota de repúdio da EPSJV à reforma do Ensino Médio. Antes desse evento, trabalhadores e estudantes da Escola já tinham se reunido duas vezes, inclusive em Assembleia, para discutir o tema e organizar institucionalmente formas de lutar pela derrubada da MP.
Yago Romero, integrante do Grêmio Politécnico, ressaltou que a MP é uma tentativa da classe dominante de minguar a classe trabalhadora. “É um ataque direto a um direito constitucional. A maior causa da evasão escolar não é o currículo, temos uma série de outros problemas como violência, questões financeiras, que impedem os alunos de estudar”, disse. Integrante da Associação dos Estudantes Secundaristas do Estado do Rio de Janeiro (Aerj), Ruan Vidal provocou a plateia, formada em grande parte por alunos da EPSJV, perguntando: “Quem aqui foi consultado sobre a MP? Ninguém perguntou para o estudante qual educação ele quer, não chamaram a gente para debater qual a função da educação. Eles discutem isso com outras pessoas que eles consideram entendidas no assunto”. Isabel Catão, da Associação Municipal dos Estudantes do Rio de Janeiro (AME-RJ), que integrou o recente movimento de ocupação de escolas estaduais no Rio de Janeiro, defendeu que os estudantes têm que lutar contra o retrocesso e pelo futuro.
Bruno Oliveira, da Associação Nacional de Docentes do Ensino Superior (Andes-SN), destacou que a MP é mais um exemplo da agenda ultraliberal do atual governo para o país, que inclui a Educação, a Previdência Social, a Reforma Trabalhista, entre outros temas. “É um retrocesso nos direitos sociais do Brasil. Um ataque frontal a todas as conquistas democráticas que a sociedade brasileira construiu a partir da década de 80”, disse o professor, acrescentando que a educação é peça-chave nesse processo de ultraliberalização do governo brasileiro. “Na educação são dois eixos principais: o aligeiramento e o tecnicismo, que vão formar um trabalhador que não vai prezar pelo amadurecimento da sua percepção enquanto cidadão a partir de uma perspectiva crítica. Temos que construir um amplo processo de resistência para que iniciativas como essa não se multipliquem”.
Ensino Médio
Gaudêncio Frigotto, que participou da criação e da concepção de educação integrada defendida e praticada pela Escola Politécnica há 30 anos, iniciou sua fala destacando que a MP é o epílogo de um processo que já vinha sendo construído dentro da gênese do golpe que representou o impeachment da presidente Dilma Rousseff. “A síntese dessa MP é que ela liquida por completo o Ensino Médio Integrado e o direito social e subjetivo do Ensino Médio como Educação Básica. Essa MP é uma afronta à LDB, ao Estado de Direito e à nossa inteligência. Temos que pensar quais são as determinações que, historicamente, negam o acesso ao Ensino Médio a 85% dos jovens. Esse é um compromisso de gerações e esses caras não têm nenhum compromisso. No fundo, está-se dizendo cada vez mais que não há lugar para todos”, disse Gaudêncio, lembrando que o movimento‘Todos pela Educação’, formando por instituições ligadas a grandes empresas, como Globo, Itaú e Bradesco, tomou o Ministério da Educação há muito tempo, o que ele considera um erro grosseiro do governo dos últimos 14 anos. “Os empresários começaram a dizer que a escola pública não era bem gerida, que ensina mal, ensina coisa demais e o governo permitiu que eles tomassem o MEC e começaram a tomar o currículo”, observou e acrescentou: “A LDB é minimalista, mas ainda garante o que estão tentando tirar agora, que é o Ensino Médio como etapa final da educação básica”.
O professor lembrou que o Ensino Médio é o momento em que os jovens recebem os instrumentos para ter sua base cientifica e técnica para enfrentar o mundo, por isso, é tão importante que ela seja ampla para possibilitar uma escolha embasada. “O Ensino Médio Integrado, com base na Ciência, Trabalho e Cultura, como acontece aqui no Politécnico, não tem nada a ver com a profissionalização precoce. Se os jovens escolherem uma área, só poderão seguir por aquele trilho. Eles podem escolher, mas primeiro precisam ter a base. E a maioria não pode escolher porque não tem a base”, disse Gaudêncio, acrescentando que apesar do argumento do governo de que a reforma vai tornar o Ensino Médio flexível, na verdade, ela passa a ser inflexível quando obriga o estudante a escolher um caminho sem conhecer todas as possibilidades. “Dar igualdade aos desigualizados é mantê-los desiguais. Como dizia Florestan Fernandes, não se pode fazer a estrada das mudanças com uma minoria prepotente e uma maioria desvalida”, destacou.
Gaudêncio lembrou ainda a importância da mobilização dos jovens e de toda a sociedade para derrubar a MP do Ensino Médio. “Como dizia Gramsci, a escola só muda quando for um problema da sociedade. Temos que mobilizar os jovens para que tomem essa pauta. Acho que estamos em um momento de desobediência civil e quem pode barrar isso é um grande movimento dos jovens”, provocou.
No debate, trabalhadores e alunos da EPSJV fizeram intervenções sobre as consequências da reforma do Ensino Médio. A professora-pesquisadora da EPSJV, Marise Ramos, ressaltou que o Ensino Médio é disputado porque a juventude é, historicamente, disputada na sociedade. “Antes, eles diziam que os argumentos eram econômicos. Agora, dizem que são os interesses dos jovens. Temos que dizer que isso não nos interessa. Querem oferecer uma formação minimalista e liofilizada aos jovens, drenando o mais importante”, disse Marise, que acrescentou: “E se a MP for derrubada, temos que voltar a pauta a questão do Ensino Médio Integrado”.
Leia posicionamento da EPSJV/Fiocruz sobre a Medida Provisória 746:
Fonte : http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/acontece-na-epsjv/ato-contra-a-reforma-do-ensino-medio
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NOTA DE REPÚDIO À REFORMA DO ENSINO MÉDIO
A Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio/Fiocruz vem a público repudiar a edição da Medida Provisória nº 746, de 22 de setembro de 2016, que impõe uma reforma do ensino médio. De uma só vez, a medida ataca duas questões fundamentais para a educação pública: estabelece um currículo mínimo, que orientará uma formação dual e desigual para a juventude brasileira e amplia o acesso da iniciativa privada aos recursos do Fundo Nacional de Educação - FNE. Essa reforma pelo alto representa um ataque à concepção de formação integrada e integral que marca a experiência da EPSJV/Fiocruz há 30 anos. Por isso, nos unimos aos movimentos sociais e entidades progressistas do campo da educação na luta pela derrubada da Medida Provisória que a instituiu.
A implementação de mudanças desse porte por meio de Medida Provisória traz claro viés autoritário e fere os princípios constitucionais que garantem a educação como direito social, que deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade. Trata-se, assim, de uma afronta a todo o processo histórico de construção da educação pública brasileira.
Segundo seus formuladores, a urgência de uma reforma no ensino médio viria responder a um diagnóstico marcado por baixas notas em avaliações internacionais e alta evasão nesse segmento de ensino. Além de rechaçar a naturalidade com que se adotam parâmetros ditados por instituições como o Banco Mundial para medir a qualidade da educação brasileira, é preciso destacar também a necessidade de se buscar fora da escola as razões estruturais para esses e outros problemas. Colocar na atual composição do currículo a responsabilidade por essas questões é desconsiderar que, antes de tudo, a educação pública brasileira precisa ser impulsionada por meio de um financiamento digno - que permita melhorar a infraestrutura da escola e valorizar seus profissionais - e da ampliação dos espaços de participação social. É preciso ainda ter em conta que os problemas do ensino médio não podem ser isolados da realidade socioeconômica do país, que só tem feito aprofundar a precariedade em todas as dimensões da vida, principalmente para os mais vulnerabilizados.
Ao contrário disso, a MP amplia as possibilidades de repasse dos recursos do fundo público para a iniciativa privada, fazendo da discussão do currículo uma cortina de fumaça.
O que o discurso de valorização da liberdade de escolha dos jovens esconde é a naturalização das desigualdades que marcam a sociedade brasileira, trazidas agora também para o espaço da escola e, mais particularmente, do currículo. Aos que, como nós, militam por uma escola pública de qualidade, já há muito parece claro que os “interesses” dos filhos da classe trabalhadora são limitados pelas suas necessidades e carências concretas, o que os direcionará para a “escolha” de uma formação menos plena, que os insira o mais rapidamente possível no mercado de trabalho. Trata-se, assim, de uma reforma que tem como principal objetivo restringir a educação básica pública, hoje voltada principalmente para as populações mais pobres, a uma formação mínima, marcadamente desigual em relação ao que continuará podendo ser ofertado nas redes privadas, aos filhos de quem pode pagar. A abertura para formação através de itinerário formativo, via reconhecimento de saberes, habilidades e competências mediante diferentes formas de comprovação, reforçará ainda mais esse caráter de formação mínima e desigual. Todo o histórico de lutas do campo da educação profissional crítica se opõe ao que é proposto pela MP, marcadamente alinhada com as demandas de mercado, que requer apenas a apreensão de determinadas habilidades para execução de tarefas específicas, negando o acesso da classe trabalhadora ao conhecimento científico socialmente produzido pela humanidade.
Nesse sentido, a MP aprofunda e perpetua, desde a formação básica, a reprodução do lugar social destinado tanto aos filhos e filhas da classe trabalhadora, quanto reproduz o lugar de dominação dos filhos e filhas das classes dominantes e, nesse mesmo processo, dificulta e restringe o potencial de crítica e de desnaturalização dessa forma hegemônica de produzir a existência social.
Cabe ressaltar que tais imposições trazidas pela MP se coadunam com outras medidas já aprovadas ou em tramitação que visam reduzir direitos sociais, restringir o orçamento do setor público e abrir ao setor privado de forma mais direta o acesso aos recursos do Estado. É fundamental nos posicionarmos contra essas medidas como forma de resistir ao desmonte do Estado e das políticas públicas, que têm a clara intenção de manutenção do projeto de sociedade hegemônico, na medida em que trazem como elemento central o aprofundamento da tentativa histórica das classes dominantes de subjulgar os interesses das classes trabalhadoras aos do mercado. Mutilar intelectualmente a classe trabalhadora, restringir seu potencial de leitura problematizadora, ampla e crítica da realidade social em todas as suas dimensões - políticas, científicas, técnicas, ideológicas, estéticas - é, sem dúvida, parte desse processo.
Fonte : http://www.epsjv.fiocruz.br/nota-de-repudio-a-reforma-do-ensino-medio
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STF pede explicações a Temer e levará MP do novo ensino médio ao plenário
GABRIEL MASCARENHAS
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
29/09/2016 21h02
Leia no link abaixo:
http://m.folha.uol.com.br/educacao/2016/09/1818216-stf-pede-explicacoes-a-temer-e-levara-mp-do-novo-ensino-medio-ao-plenario.shtml
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8/out/2016, 12h31min
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8/out/2016, 12h31min
‘Reforma do Ensino Médio é arcaica até do ponto de vista de uma formação para o mercado’
Luís Eduardo Gomes
Encaminhada no final de setembro pelo governo federal via Medida Provisória (MP), a reforma do Ensino Médio prevê grandes mudanças para as últimas três séries do nosso sistema escolar, como o aumento de carga horária, a retirada de obrigatoriedade de algumas disciplinas (como Artes, Educação Física, Sociologia e Filosofia), a criação de itinerários de ensino para que o aluno possa escolher quais matérias irá cursar de acordo com os seus interesses e a possibilidade de que profissionais com “notório saber” em seus campos possam lecionar disciplinas.
No Rio Grande do Sul, a reforma, que deverá ser ainda aprovada pelo Congresso em até 120 dias antes ser oficializada, está sendo estudada pelo Conselho Estadual de Educação (CEED) – órgão fiscalizador, consultivo, deliberativo e normativo do sistema estadual de ensino do RS. Em entrevista ao Sul21, Carmem Craidy, integrante do órgão e professora aposentada da Faculdade de Educação da UFRGS, faz duras críticas ao texto da reforma (baixe aqui), afirmando que, caso entre em vigor, irá promover uma desorganização do ensino. Ela diz ainda que a reforma desincentiva o professor a buscar a qualificação e, ao ser apresentado por MP, ignora todas as discussões anteriores em andamento no Brasil sobre os rumos da educação. Confira a seguir.
Sul21 – Como a senhora avalia a decisão do governo de encaminhar uma reforma do Ensino Médio por Medida Provisória?
Carmen Craidy – Falando com muita simplicidade, é uma forma não só autoritária, como irresponsável de fazer uma reforma. Os países que fizeram reformas profundas recentes, como Noruega, Finlândia e a própria Espanha, discutiram por anos. Qualquer reforma de ensino pressupõe a organização física, a organização do sistema de ensino e a formação de novos professores na perspectiva da nova reforma. Não é coisa que se faça com um canetaço. É uma coisa que se planta com um processo sério e discutindo com os responsáveis.
Sul21 – Na sua avaliação, por que foi tomada essa decisão de encaminhar por MP?
CC – Isso só quem pode dizer é quem fez, né?! Eu não sei. Acho que é uma tentativa de mostrar serviço. Eles falam na gravidade da situação do ensino brasileiro, mas justamente a gravidade dessa situação exige um processo sério de implementação, e não feita de um dia para o outro, como eles fizeram. Inclusive, faz parte de um pressuposto falso de que o problema é o currículo. Há um problema de currículo, que pode ser repensado, mas a Lei de Diretrizes Básicas da Educação Nacional (LDB) dá uma possibilidade de flexibilização do currículo nos sistemas de ensino. Já há essa possibilidade de flexibilização e há experiências muito promissoras de reforma no Ensino Médio. Agora, desconsiderar isso e fazer uma reforma com essa ligeireza, eu acho que é quase irresponsável e desconsidera o seguinte: quais são as condições de realização do Ensino Médio no Brasil? Basta dizer que apenas 12% das escolas têm laboratório de física.
Sul21 – É possível implementar o aumento de carga horária previsto pela MP na rede pública em um prazo tão curto?
CC – Não há nenhuma condição. Inclusive o aumento da carga horária vai redundar em duas coisas: ou vão contratar mais professores, o que os sistemas não estão fazendo, ou sobrecarregar os professores atuais, que já são sobrecarregados. A mim, aparece como uma coisa inexequível. Há um problema das condições concretas, mas há o problema ainda das concepções de fundo. Por exemplo: é impensável você fazer um projeto pedagógico para adolescentes entre 15 e 17 anos que não tenha Artes, Filosofia, Educação Física e Sociologia.
Sul21 – Quais seriam as consequências da retirada da obrigatoriedade dessas disciplinas? Os alunos acabariam optando por não cursá-las?
CC – Eu acho que a maioria dos alunos escolheria não fazer, porque ele está sendo orientado para fazer um vestibular e um Enem e as matérias básicas são supervalorizadas dentro do currículo, ou para o mercado de trabalho, para aprender uma profissão. Aprender a refletir, discutir sobre a realidade, cuidar do desenvolvimento físico, da arte, que é uma possibilidade enorme de execução para adolescentes, tomada de consciência de si, reflexão ética de estética, educação física do controle do corpo, da socialização, da relação com os outros, na medida que isso não é valorizado nos objetivos que o curso se propõe vai desaparecer. Acho inclusive que os próprios sistemas não vão oferecer, como hoje não oferecem o que não é obrigatório.
Sul21 – Há a possibilidade de as escolas se especializarem em determinados itinerários de ensino?
CC – Eu acho que isso se encaminha para aprofundar a dualidade do Ensino Médio. Aqueles que podem vão estudar e aqueles que não podem vão se preparar para o mercado de trabalho. E ainda mais: ignora totalmente que existem 1 milhão e 700 mil jovens brasileiros que ou trabalham e estudam ou só trabalham. Quer dizer, que opções serão apresentadas para esses jovens? Então, a reforma consagra o dualismo dentro do sistema, valorizando os itinerários que nem o estado sabe direito o que é, mas que vai resultar que aqueles que podem vão estudar mais, vão se formar em diferentes aspectos, e outros vão ser preparados para outras coisas.
Sul21 – Na justificativa oficial para a MP, o ministro Mendonça Filho argumenta que o modelo de ensino atual não está alinhado ao mercado de trabalho nem aos interesses dos estudantes. Você concorda com essa visão?
CC – A MP cria exigências de trabalho em Matemática, Português, Inglês, que são as disciplinas mais valorizadas. Quando ele fala dos itinerários formativos que o aluno vai escolher, é claro que a escolha vai ser feita em função das perspectivas que cada grupo tem. Quem não tem perspectivas de estudo a longo prazo, vai aprender a trabalhar e quem tem perspectiva de longo prazo vai fazer uma formação básica, mas existe uma outra questão muito grave. Quando eles falam em tempo integral, falam do tempo das disciplinas básicas, ou seja, Português, Matemática e Inglês. Não tem adolescente nem ser humano que aguente estudar isso o dia inteiro.
A concepção de tempo integral foi uma concepção de educação integral, onde existia Artes, onde existia reflexão, Educação Física, que são base para o desenvolvimento cognitivo e para criar possibilidades de o aluno entender melhor Matemática e Português. A Matemática surgiu da Filosofia, da Arte. A concepção fundamental de escola de tempo integral é a educação integral, e não estudar o dobro. Isso é uma caricaturização.
Outra questão muito grave que é apontada é que, de oito milhões de estudantes, se elege 500 mil para o tempo integral. Isso consagra essa visão do Mangabeira Unger (ex-ministro), que já foi rechaçada, de que haverá escolas de excelência para formar uma elite e escolas de massa para formar a população em geral. Isso revela uma ideia completamente distorcida de uma educação cidadã, que forme todos a partir de igualdade de condições.
Sul21 – Ainda que em escolas públicas, vai ser priorizada a classe média e as famílias em que o jovem não precisa trabalhar?
CC – Exatamente. E quando falam em projeto de vida, que é uma coisa importante que se dê ao jovem a oportunidade de fazer um projeto de vida, mas que projeto de vida é esse nessa escola que não pensa em educação integral, pensa em tempo integral, pensa em valorização de carreira e não em formação integral? Que projeto é esse?
Sul21 – Também não parece errado uma reforma que tenta solucionar o problema da evasão escolar diretamente no Ensino Médio, sem resolver antes os problemas do Ensino Fundamental?
CC – Sem dúvida, tanto que a grande evasão se dá na 1ª série do Ensino Médio, porque os alunos não conseguem acompanhar. Eles vem fracos do fundamental. Não dá pra pensar em reforma de ensino de um segmento, tem que ser uma reforma como um todo e, sobretudo, prover os insumos para que os alunos aprendam, laboratórios, bibliotecas, professor com dedicação a uma escola e não tendo que ir a três ou quatro pra complementar o salário, como a maioria dos professores de Ensino Médio fazem atualmente. Dão três ou quatro horas de aula, nem sabem o nome do aluno. Isso não há um ambiente educativo na escola, não há um ambiente escolar funcionando, há a veiculação de matérias apressadas, isso fica consagrado nessa reforma. Não se fala em condições de formação de uma comunidade escolar com participação de alunos, com professor disponível para atendimento, não existe nada disso. E não se fala de uma reforma global de ensino.
Sul21 – Uma das pautas das ocupações dos secundaristas em Porto Alegre era justamente a de que o Ensino Médio não lhes é atraente. Como seria possível, de outra forma, tornar o Ensino Médio mais interessante para os estudantes?
CC – Já está em andamento uma discussão séria e documentos sobre a reforma no Ensino Médio. O Observatório do Ensino Médio da Universidade Federal do Paraná (UFPR) tem um conjunto de documentos em que se discute uma reforma. Tem o pacto nacional do Ensino Médio que foi suspenso e estava fazendo uma formação de professores, inclusive com bolsas, nessa perspectiva de educação integral, que integra arte, reflexão do aluno, gênero. Quer dizer, já havia como programa do Ministério da Educação esse pacto nacional pelo Ensino Médio e foi ignorado. Existem as diretrizes nacionais curriculares do Ensino Médio de 2012, que é um documento que ainda não foi assumido pelos sistemas de ensino e tem uma proposta de Ensino Médio integrado, ou seja, que contemple esse tempo integral, as aspirações, as interrogações da juventude e, ao mesmo tempo, dê uma formação básica e profissional. Isso já existe e foi totalmente ignorado pela MP, como se não existisse nada de encaminhamento, mas existe. A MP simplesmente desorganiza todo esse processo de reflexão que vem sendo feito nos últimos anos, com vistas na transformação do Ensino Médio na perspectiva da valorização da cultura juvenil e da formação integral.
Sul21 – É um atropelamento do que já estava sendo discutido?
CC – Sem dúvida. Não foi só um atropelamento. Foi uma negação. Inclusive do Plano Nacional de Educação.
Sul21 – O PNE não é algo recente?
CC – Deveria estar começando a ser implementado e foi simplesmente ignorado.
Sul21 – Na questão da formação dos professores, quais as consequências da permissão de que profissionais com “notório saber” possam lecionar no Ensino Médio?
CC – Isso é uma desqualificação total. Quer dizer que qualquer pessoa que é competente em sua área pode dar aula, independente de formação pedagógica. É uma coisa contra a qual se lutou muitos anos e se conseguiu chegar a essa posição, de que para ser professor tem que ter formação de professor. A MP ignora inclusive as diretrizes curriculares para formação de professores recentemente editadas que exigem uma reformulação das licenciaturas para formar professores com uma visão mais integral e mais ligados à realidade concreta.
Sul21 – Em algum lugar do mundo essa questão do notório saber foi implementada com sucesso?
CC – Não tenho conhecimento. Isso existiu no Brasil há muitos anos, nos anos de 1960 e 1970, quando não se tinha professores, e aí um engenheiro ia dar Matemática. Mas é superado.
Sul21 – Qual seria o incentivo de um engenheiro ensinar Matemática hoje?
CC – Ele vai lá, como um bico, dá duas três aulinhas para a complementação da renda dele e não tem compromisso com o todo da escola, com o aluno. Isso se ele souber dar aula, porque o fato de saber Matemática não significa que sabe dar aula. Eu conheço gente que consegue dar muito bem aula sem ter tido uma formação pedagógica, mas isso é raro. Normalmente, precisa entender um pouco a cabeça de um aluno para saber como ensinar Matemática. Além do mais, ele vai lá e vai embora. Não participa da vida coletiva da escola, que é justamente um dos grandes problemas da escolarização e do Ensino Médio. Você foi nas ocupações e sabe disso, os alunos querem participar da vida das escolas, querem uma escola que seja comunidade, onde eles sejam respeitados como alunos nas suas aspirações, como juventude na sua cultura específica. Claro que um professor que dá uma aula e sai correndo não ajuda a construir isso.
Sul21 – Também não é um desincentivo para o professor buscar uma qualificação?
CC – Mas claro. Qualquer um pode dar aula, então porque o professor vai buscar a qualificação? Isso é a negação do professor de qualidade.
Sul21 – Essa MP foi feita com um foco resultadista?
CC – Claro. Formar competências para quê? Ela não parte do paradigma do direito à educação e formação integral do ser humano, consagrados na Constituição de 1988. Ela parte do paradigma de formar competências para o mercado. O que o mercado está precisando? Ela aponta para as competências que o mercado exige. Esse é o paradigma entorno do qual a MP é construída.
Sul21 – Não parece arcaico, mesmo do ponto de vista de formação para o mercado, voltar o ensino para os atuais empregos sendo que o mercado do futuro será muito diferente?
CC – É completamente superada essa visão de formar para o mercado. O mercado exige hoje uma coisa que daqui a três anos não vai exigir mais. Então, o aluno que não tiver formação básica não vai conseguir se reciclar para as novas exigências. Essa formação básica possibilita não só o avanço profissional, como uma reciclagem, entender as novas exigências. Formar para o mercado é uma visão completamente superada da época do fordismo, que formava para apertar parafuso, isso não existe mais. O profissional hoje tem que ter formação básica, senão ele está fora do mercado. Hoje há uma grande mecanização da produção. Em todas as profissões, as exigências que se fazia há 20 anos estão completamente superadas. Tem que ter formação básica e integral para poder se reciclar.
Sul21 – Mesmo com o viés pró mercado de trabalho, disciplinas como Artes, que estimulam a criatividade, não seriam essenciais?
CC – Os países mais avançados em educação, como Finlândia e Noruega, fizeram uma reforma do ensino nesta linha, de valorização da formação integral e da capacidade reflexiva, da arte. Não há aprendizagem de língua sem uma simbolização que passe pelas artes, pela criatividade. A mesma coisa a Matemática, que é uma forma de leitura de matematização do mundo. Não é uma linguagem isolada do mundo. Essa visão é complementarmente superada. Os próprios EUA, onde havia um ensino segmentado, estão revendo isso. Ninguém mais acredita nisso. É parecido com a proposta da ditadura, de 50 anos atrás. Não é só uma caricatura das exigências da formação humana, é uma proposta superada do ponto de vista dos avanços históricos da educação no mundo. Chega a ser irresponsável, tanto a forma como o tipo de proposta.
A meu ver, é uma tentativa de dar uma resposta precipitada ao que se supõe ser a exigência do mercado, porque esse governo está querendo responder ao mercado de qualquer jeito. Mas nem ao mercado vai responder, porque qualquer empresário contemporâneo, que tenha uma visão do que é a exigência de formação de um profissional, vai se dar conta que sem formação básica não existe formação profissional. Os empresários modernos, atualizados, já sabem disso. Então, eles têm a pretensão de dar uma resposta que nem para o que eles querem vai ser uma resposta. Vai desorganizar o sistema de ensino e não vão conseguir implantar.
Tags: Carmem Craidy, governo Temer, Mendonça Filho, MP do Ensino Médio, reforma do ensino,reforma do ensino médio
Fonte : http://www.sul21.com.br/jornal/reforma-do-ensino-medio-e-arcaica-ate-do-ponto-de-vista-de-uma-formacao-para-o-mercado/
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http://www.viomundo.com.br/denuncias/beatriz-cerqueira-alerta-o-governo-golpista-precisa-de-uma-escola-que-impeca-de-pensar-o-projeto-escola-sem-partido-e-para-isso-veja-video.html
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