domingo, 25 de janeiro de 2015

Educação Pública Não é Prioridade dos Governos Estaduais e Municipais.

Recente reportagem no jornal o Globo sobre relação das Notas obtidas no ENEM com o preço das mensalidades de algumas escolas particulares do RJ :

RIO — A lista das escolas cariocas com as melhores notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2012 assusta. Entre as dez primeiras do ranking, nove têm mensalidades acima de R$ 2 mil. A exceção é a nona colocada, a Escola Sesc de Ensino Médio, um projeto do Serviço Social do Comércio (Sesc), na qual o ensino é gratuito. No Colégio São Bento, que ocupa o topo da relação, os pais dos alunos do 3º ano do ensino médio terão que desembolsar R$ 2.807 por mês em 2014. Há instituições ainda mais caras, que não têm bom desempenho no exame — e parecem não dar muita importância a isso —, como a Escola Britânica, nas quais as mensalidades giram em torno de R$ 4,5 mil. Por trás destas pequenas fortunas, justificam os diretores dos colégios, estão instalações de alto nível, equipamentos de ponta, atividades extracurriculares, carga horária pesada e, principal ponto em comum entre elas, professores com remuneração acima da média.


No São Bento, onde os alunos estudam em período integral (das 7h30m às 16h30m), com aulas de francês, inglês, espanhol, história da arte e música erudita, os professores do 3º ano ganham R$ 70 por hora de aula. A rede pH, que tem duas filiais entre as 20 escolas no Estado do Rio com as melhores notas no Enem — e mensalidades de até R$ 3 mil para estudantes da última série —, paga R$ 65 ao educador. Ou seja, se ele trabalha 40 horas semanais, recebe mais de R$ 10 mil mensais. São valores praticados por outras escolas deste universo e considerados altos no ensino médio. Para se ter ideia, professores da rede estadual do Rio ganham R$ 16,65 por hora de aula.
— Pagar bem a nossos professores é fundamental, porque mostra que reconhecemos a competência deles e garante a manutenção de uma equipe com os melhores profissionais — explica a supervisora pedagógica do São Bento, Maria Elisa Penna Firme Pedrosa.
Segundo Rui Alves, diretor da rede pH, algo em torno de 70% de seus profissionais têm mestrado. No Colégio Santo Inácio, que, por um erro ainda não esclarecido, não teve as notas de seus alunos no Enem computadas, cerca de 80% dos professores têm mestrado, segundo a assessoria de imprensa da escola, onde os alunos do 3º ano estudam até 48 horas semanais, com mensalidades de R$ 1.945. Além disso, na tradicional instituição de ensino jesuíta de Botafogo, os estudantes têm à escolha uma gama de atividades extracurriculares, que vão de dança e teatro a esportes e robótica. Suas duas bibliotecas têm cerca de 40 mil livros e quatro mil arquivos audiovisuais.
Recursos multimídia em sala
A infraestrutura escolar também eleva os preços da educação nestas instituições privadas. As salas de aula no ensino médio do Santo Agostinho têm projetores e recursos multimídia com acesso à internet, para uso dos professores. Há laboratórios de física, química e biologia, além de informática. Com mensalidades de até R$ 2.304 e conhecido na cidade pelo ensino “puxado”, o colégio não tem proposta pedagógica baseada na preparação para o Enem, garantem seus coordenadores. Mesmo assim, suas duas unidades (Leblon e Novo Leblon, na Barra) estão, respectivamente, em segundo e terceiro lugares no ranking do exame no Rio. De acordo com o coordenador de ensino médio, Evaldo José Palatinsk, 50% dos professores têm mestrado. A escola cuida para que seus docentes debatam semanalmente a atuação em sala de aula e aperfeiçoem a relação com os alunos.
— É fundamental a boa gestão da sala de aula e o domínio do conteúdo pedagógico. Eles devem ser educadores no sentido mais amplo da palavra — explica Palatinsk.
As mensalidades das escolas com as melhores notas no Enem no Rio são, muitas vezes, mais caras do que no ensino superior privado. Alunos de cursos como Psicologia, Economia, Administração e Comunicação Social da PUC-Rio, por exemplo, gastam R$ 2.345 mensais. E isto se fizerem o máximo de 30 créditos permitidos num semestre letivo. No Colégio Cruzeiro, o desembolso mensal é de R$ 2.909 na unidade Jacarepaguá, que ocupa o sexto lugar na lista de escolas cariocas com as melhores médias no exame do MEC, e R$ 2.777 na unidade Centro, quarta colocada no ranking.
Estes valores estão muito acima do que os governos gastam com os estudantes na rede pública de ensino. Em 2011, de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do Ministério da Educação (MEC), o investimento público anual por aluno no ensino médio era de R$ 4.212, o que significava um gasto mensal de R$ 351. O valor, no entanto, vem crescendo. Em 2001, já considerando a inflação do período, o gasto no ensino médio por aluno era de R$ 1.557 (R$ 130 por mês).
Para ter os filhos estudando em determinados colégios, famílias que integram a elite econômica do Rio investem, por mês, mais do que um aluno do ensino público custa ao longo do ano. Na Escola Britânica, a mensalidade é de R$ 4,5 mil. A instituição ocupa a tímida 58ª colocação na relação do Enem no Estado do Rio, o que parece não ser motivo de preocupação por lá.
Os alunos estudam das 7h30m às 15h30m. Eles assistem a todas as disciplinas obrigatórias nos currículos pedagógicos brasileiro e britânico. Há aulas de música, teatro, informática, francês e espanhol. O inglês é o idioma oficial. Entre as atividades extracurriculares está o programa de debates, no qual o aluno participa de eventos para discutir atualidades e, assim, desenvolver sua capacidade de raciocínio e argumentação em público. O colégio também incentiva seus professores a fazer especializações, permitindo flexibilidade de horários e até, em alguns casos, pagando 100% dos custos de um mestrado, por exemplo.
— Caro é algo pelo qual você paga e não tem o retorno equivalente. Esta escola tem um valor alto, mas o investimento é justificado — afirma uma funcionária da Escola Britânica, que prefere não se identificar.
Filas para matricular crianças
Mesmo com preços altos, as escolas particulares de melhor reputação têm, todos os anos, filas de pais esperançosos de garantir uma vaga para seus filhos já no ensino fundamental. Este ano, o São Bento fez sorteio para preencher 108 vagas. Para cada uma, havia cerca de dez candidatos.
A fonoaudióloga Eveline Sampaio Meirelles mantém o filho Victor, de 16 anos, no Colégio Andrews desde a 1ª série do ensino fundamental. Ela diz que fez sua escolha por acreditar no projeto de ensino da instituição, mas arcar com as mensalidades não é fácil. Victor está indo para o 3° ano do ensino médio na escola, sétima melhor carioca no Enem 2012. A mensalidade custa R$ 2.140.
— Meu marido faleceu há um mês, e o valor cobrado no 3º ano consumiria boa parte do meu orçamento. Vou tentar uma bolsa — pondera Eveline. — É caro, mas não poderia ser muito diferente, diante da qualificação dos professores. Acredito que também pago pelo nome do colégio.
A analista de sistemas Luciani de Oliveira Freitas é mãe de Luísa, de 14 anos, que se prepara para ingressar no ensino médio do Santo Agostinho:
— Priorizo a educação e sempre desejei que minha filha estudasse num colégio tradicional, com bom desempenho em vestibulares. Sempre acompanhei rankings. Nas contas de casa, a mensalidade do colégio é prioridade. Caso precisasse fazer reajustes no orçamento, seria a última coisa em que mexeria.


A essa reportagem nos cabe informar que a " Educação Pública Não é Prioridade dos Governos Estaduais e Municipais".

O governo estadual do RJ não valoriza seus professores, são mal pagos (piso salarial de um docente do ensino médio = R$1.175,39 ), não há dedicação exclusiva ( cada matricula, uma escola) , se esses dois quesitos fossem cumpridos, não seria necessário os docentes correrem de uma escola para outra (raramente próximas) para que possam fazer um salário de sobrevivência e teriam tempo para planejamento de aulas, não ocorreriam tantos pedidos de exonerações, o governo não cumpre a LEI de 1/3 da carga horária para atividades extra classes, para os docentes de 16h e 40h semanais, além de uma grade fraquíssima que só dá ênfase a Matemática e Português no ensino médio, negligenciando o quesito mais importante que é a formação do cidadão através das disciplinas de Sociologia e Filosofia. Outro fator importantíssimo seria estabelecer avaliação de ingresso no ensino médio regular, pois hoje a grande maioria dos alunos que recebemos no 1º ano do ensino médio são de analfabetos funcionais e que não dominam nem mesmo as quatro operações da Aritmética, isso tudo em decorrência das aprovações a rodo que eles (governos) estimulam através das secretarias, coordenadorias e direções das escolas, com o objetivo de melhorar os índices do IDEB. LAMENTÁVEL!!!

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