A tal reforma do ensino médio está sendo implantada, e no estado do RJ em 2022 foi no 1º ano e agora em 2023 no 2º ano e ano que vem se essa coisa não for revogada atingirá o 3º ano do ensino médio. O fato é que isto está sendo altamente prejudicial aos alunos das escolas públicas principalmente as estaduais, pois todas as disciplinas tradicionais tiveram tempos reduzidos em suas grades, principalmente as da área de humanas. Reduções significativas em História, Geografia, Filosofia, Sociologia, Artes e também em Biologia, Física e Química , as menos atingidas foram Matemática e Português. No lugar das disciplinas citadas entraram na grade como eletivas e projetos de vida coisas como: “ o que rola por aí, eu robô, brigadeiro caseiro, sonhando alto, qualquer coisa vale, ação, sempre em movimento, relicário de herança, como ficar rico, novas formas de existir, falar mais viajar melhor, meu lugar turístico, protagonismo nas redes, se liga na rede, rpg (jogo), vamos jogar, linguagem nas palavras: novas formas de existir, na atividade, mundo pet , etc... por isso é que me incluo em desejar a revogação dessa DEforma do ensino médio, pois está aumentando a defasagem de aprendizagem dos alunos das redes públicas em relação aos alunos das boas escolas privadas, que ao contrário mantiveram suas grades originais e as eletivas e projetos de vida são on line. Tem que revogar, pois a mesma não houve consultas aos docentes das escolas públicas, aos sindicatos que representam a educação, mas somente às fundações privadas que lucram com as verbas públicas como a Fundação Roberto Marinho, Todos pela educação, fundação Bradesco, etc...
Anteriormente já havíamos divulgado nas redes sociais O Privado de Olho no Público
Nas últimas semanas, os jornais destacavam algumas das curiosas “matérias” que os jovens passaram a ter em substituição ao antigo currículo: “Sonhando alto”, “Brigadeiro caseiro” e “Projeto de Vida”, por exemplo. Enquanto isso, as disciplinas tradicionais foram reduzidas da grade ou dissolvidas em “áreas de conhecimento” (Humanas, Exatas, Biológicas, Linguagem e Tecnologia). Os mais prejudicados foram os alunos do terceiro ano, para os quais a maior parte do currículo foi substituída pela parte diversificada. A própria BNCC, aprovada em 2018, tornou obrigatórias apenas as disciplinas de português e matemática nos três anos do Ensino Médio, todas as outras podem ser flexibilizadas. O resultado é que os alunos deixaram de ter acesso a conteúdos importantes e passaram a ter essas disciplinas aleatórias e aparentemente sem sentido, que servem para atender aos interesses do novo mercado de trabalho, também mais flexível e precário (com baixa estabilidade e poucos direitos). O resultado está aí:
“Esse aqui é meu horário de aulas para o terceiro ano, e nele não consta NENHUMA aula de História, Geografia, Filosofia, Sociologia, Biologia, Química ou Física! Matérias que vão cair no Enem e nos vestibulares. Além disso, conta com somente DUAS aulas na semana de Português e Matemática”. Essa foi a postagem de uma estudante do Ensino Médio da rede estadual de São Paulo que viralizou nas redes essa semana. Em um dos comentários outra estudante protesta: “(…) é horrível! E umas matérias totalmente sem sentido e que não vão ajudar em nada! Eu exijo uma greve pra tirar esse ‘Novo Ensino Médio’“.
Com essa formação parcial e esvaziada, o jovem estudante da escola pública terá ainda mais dificuldade para acessar o Ensino Superior, ou mesmo para ter um emprego qualificado. O Ensino Básico completo só estará disponível para aqueles que podem pagar as mais caras escolas privadas. Com isso, a desigualdade educacional entre ricos e pobres vai aumentar ainda mais no país.
As mentiras do Novo Ensino Médio
Para tentar convencer a população da mudança, os governos e grupos empresariais que participaram diretamente da formulação da proposta (como a Fundação Lemann, o Instituto Unibanco, a Fundação Itaú, o Instituto Natura, entre outros), partem de uma verdade para espalhar várias mentiras. A verdade é que o Ensino Médio há tempos vem sofrendo com a baixa qualidade e os altos índices de abandono. Segundo a UNICEF (2022), 2 milhões de crianças e adolescentes de 11 a 19 anos deixaram a escola, a maioria porque precisava trabalhar (48%). Esses problemas se aprofundaram na pandemia, quando 5,1 milhões de estudantes brasileiros ficaram sem acesso à educação (UNICEF, 2021).
O que eles não dizem, no entanto, é que isso é consequência da política de sucatear a escola pública para favorecer os interesses privados, que vem sendo implanta por sucessivos governos. Por isso, longe de resolver esses problemas, a reforma em curso vai aprofundar as desigualdades educacionais no país. Ou seja, o que era ruim está ficando pior. Vejamos algumas das mentiras propagandeadas:
1) “O estudante pode escolher o que interessa”: Isso é mentira porque a própria lei não obriga as escolas a oferecerem todos os itinerários formativos. Na prática os alunos das escolas públicas são obrigados a “pegar o que tem”. “Eu só pude escolher entre exatas ou humanas, mas as aulas que eu queria mesmo ter eu não pude escolher, eu era obrigada a aceitar o que vinha”, afirmou a estudante Julia, da rede estadual de São Paulo.
2) Um ensino mais “moderno”: Os mesmos governos que falam que o ensino atual vai inserir os jovens no “mundo digital”, não garantem o mínimo de estrutura nas escolas. Em muitos casos, computadores e tablets até foram comprados, mas permanecem encaixotados por falta de verbas para instalação ou internet. Mesmo em estados mais abastados, como São Paulo, há escolas sem aulas nesse momento porque não tem nem funcionários para lavar o banheiro por consequência da terceirização.
3) “O aluno vai sair com uma formação técnica ou profissionalizante”: Com a falta de estrutura e a privatização, os recursos públicos vão pro bolso de empresas, que contratam pelo chamado “notório saber”, profissionais que não são professores, com piores salários e que não têm nenhum acompanhamento. A qualidade fica comprometida e os alunos não aprendem nem o básico, nem o profissionalizante. É uma enganação.
Formação ruim para o emprego precário
Mas então quem ganha com o Novo Ensino Médio? Na realidade, essa flexibilização do currículo está diretamente ligada à flexibilização das condições e relações de trabalho, que pioraram com a reforma trabalhista. O “projeto de vida” que o capitalismo tem para a juventude pobre, majoritariamente negra e periférica, é transformá-la nesse novo trabalhador cada vez mais sem direitos, ou pior ainda, prepará-la para ser uma juventude sem trabalho e resiliente à sua condição. Por isso, as aulas de “Brigadeiro caseiro” ou de “empreendedorismo” ganham importância, para que os alunos consigam “se virar” para sobreviver sem um emprego formal e estável, trabalhando em aplicativos ou mesmo vendendo brigadeiro. Segundo o pesquisador Fernando Cassio, da Rede Escola Pública e Universidade (REPU) “[…] um dos elaboradores das apostilas oferecidas aos professores como apoio curricular aos itinerários formativos do NEM é o iFood. As secretarias de Educação nem se preocupam mais em disfarçar”.
Piores condições de trabalho também para o professor
Já os professores estão tendo que trabalhar cada vez mais e em piores condições. Com a redução das suas disciplinas, a maioria se viu obrigada a ensinar muitas matérias diferentes, mesmo sem ter formação específica. O sobretrabalho tem agravado os problemas de estresse e adoecimento. As novas “disciplinas” não seguem nenhum parâmetro e na prática o professor se vê refém das apostilas. Além disso, faltam professores para tantas disciplinas e muitas vezes os alunos ficam sem aula.
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