quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

ENEM 2014 >>> Mais de 500.000 estudantes tiraram ZERO.

No ENEM de 2014, 529.373 candidatos tiraram a nota zero na redação. Na outra ponta, 250 obtiveram a nota máxima. O resultado do Enem estará disponível ainda hoje (13/01/15) no site do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O tema da redação foi "Publicidade infantil em questão no Brasil".Na edição de 2013, com menos inscritos, 481 tiveram nota mil e 106.742 redações com nota zero.
Em 2014, dentre os que zeraram a redação, 13.039 copiaram textos motivadores da prova; 7.824 escreveram menos de sete linhas; 4.444 não atenderam ao tipo textual solicitado; 3.362 zeraram por parte desconectada e 955 por ferirem os direitos humanos. Outras 1.508, por outros motivos.
Segundo o Inep, entre 2013 e 2014 houve uma queda no desempenho em 9,7% entre os concluintes do ensino médio, que foram 1.485.320 candidatos.

O governador do Ceará, Cid Gomes, é o entrevistado do Espaço Público. Apresentação é do jornalista Paulo Moreira Leite (Valter Campanato/Agência Brasil) © Valter Campanto/Agência Brasil 

O governador do Ceará, Cid Gomes, é o entrevistado do Espaço Público. Apresentação é do jornalista Paulo Moreira Leite (Valter Campanato/Agência Brasil) "O tema de 2013 foi Lei Seca, essa questão foi muito debatida, muito discutida, a mídia focou muito no tema. O tema agora, publicidade infantil, não é um tema que teve um grande processo de discussão como teve o de 2013", avaliou o ministro da Educação, Cid Gomes. "Não diria [que o tema foi] mais difícil, mas sem dúvida, foi um tema que não teve um grau de discussão nacional como o tema de 2013". O tema de 2013 foi "Os efeitos da implantação da Lei Seca no Brasil".
Segundo o ministro a queda merece a atenção da academia para que se entenda o por que, já que, de acordo com ele, em um ano, não houve grandes variações de financiamento ou de corpo docente no ensino médio suficientes para explicar a queda de desempenho.
Na edição de 2014, segundo o Ministério da Educação (MEC), foram corrigidos 5.934.034 textos, dos quais 2.695.949 foram encaminhados a um terceiro corretor e outros 283.746 foram avaliados por banca de especialistas.
A correção da prova de redação avalia cinco competências: domínio da norma padrão da língua escrita; compreensão da proposta de redação; capacidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista; conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários à construção da argumentação; elaboração de proposta de intervenção para o problema abordado, respeitados os direitos humanos.
Ao todo, segundo o Inep, 6.193.565 fizeram as provas nos dias 8 e 9 de novembro em mais de 1,7 mil cidades. Para ter acesso ao resultado, os candidatos precisarão do número de inscrição ou do CPF e da senha criada na hora da inscrição. O candidato poderá recuperar a senha no próprio portal.

Editor Marcos Chagas.
Fonte: http://www.msn.com/en-us/news/brazil/mais-de-500-mil-estudantes-zeraram-a-prova-do-enem-2014/ar-AA87QNo


Comentário :  O fato é, enquanto o ensino fundamental não for levado a sério, e as aprovações correrem a vontade para maquiar índices governamentais e não houver uma seleção ( pelo menos de Português e Matemática) para o acesso ao ensino médio regular, continuaremos a receber no 1º ano a grande maioria dos alunos analfabetos funcionais e que não dominam de fato os quesitos básicos da Matemática do ensino fundamental, que são ferramentas para a Matemática do ensino médio, para Física e Química. É fundamental tb que no ensino médio, se tenha pelo menos quatro (4) tempos de Física, de Química , de Biologia e...., ao contrário dos escassos dois tempos semanais de hoje, isso quando se tem professor. 

Na educação publica estadual e municipais do RJ existe a forçação de barra por aprovação a qualquer custo.LAMENTÁVEL!

E agora vem o pseudo ministro da educação Cid Gomes falar em Enem virtual..

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Sobre as Redações :   

http://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/enem-2014-resultados-na-redacao-sao-assustadores-segundo-especialistas-15046714?utm_source=Facebook&utm_medium=Social&utm_campaign=O%20Globo


Extra

Enem 2014: resultados na redação são ‘assustadores’, segundo especialistas

RIO E BRASÍLIA - A expressiva queda de 9,7% na nota média da redação do Enem 2014 em relação à edição anterior acendeu a luz amarela no governo e chamou a atenção de especialistas. Índices cada vez mais baixos de leitura e a pouca familiaridade com o tema proposto pelo exame — publicidade infantil — podem ter contribuído para o recorde de 529 mil candidatos, ou 8,5% do total, com nota zero. Apenas 250 entre 5,9 milhões de estudantes que tiveram seus textos corrigidos alcançaram o conceito máximo (mil). Ao resultado ruim na disciplina (nota 470,8, ante 521,2 em 2013) se somou ainda uma considerável queda (7,3%) no desempenho médio em matemática, contribuindo para uma diminuição da nota geral de 1%.
Especialistas se assustaram com a queda no rendimento de redação. Para o coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, em linhas gerais, o quadro mostra a necessidade de reforço no ensino e na avaliação acerca da leitura e da escrita nos anos finais dos ensinos médio e fundamental. Segundo ele, o Brasil ainda prioriza a leitura em detrimento da escrita.
— Na prática, as aulas de língua portuguesa não estão reforçando a dissertação — avalia. — E não estou falando de ensinar aos alunos como escrever em português formal, mas de lhes proporcionar condições de se expressar textualmente da maneira adequada.
A educadora Andrea Ramal, doutora em educação pela PUC-Rio, reforça os argumentos de Cara:
— Meio milhão de estudantes com nota zero é absurdo. Temos aí um número significativo de analfabetos funcionais, que não conseguiram entender o enunciado. Isso mostra que o Brasil continua a formar alunos no ensino médio sem a devida preparação para entrar na universidade.
Para ela, os resultados do Enem 2014 ratificam a estagnação vivenciada pelo ensino médio brasileiro nos últimos anos, revelada, inclusive, por outros indicadores.
— O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e o Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) já nos mostram que não saímos do lugar nos últimos anos — ilustra. — Desde o primeiro mandato da presidente Dilma, esse é o quarto ministro da Educação. E todos os anteriores disseram que uma das metas é reformar radicalmente o ensino médio. E, agora, Cid Gomes disse o mesmo. A gente percebe, então, que vão-se os ministros, ficam as promessas.
Em matemática, a queda na média das notas foi de 514,1 para 476,6. Neste caso, Daniel Cara disse acreditar que a baixa reflete uma oscilação esperada dentro do panorama de uma avaliação como o Enem, no contexto contemporâneo brasileiro.
— Como o número de participantes cresceu, a tendência é cair a média. Essa oscilação é natural e seguirá por mais alguns anos, enquanto houver essa variação no número de candidatos — observa. — E isso é bom, pois significa que mais brasileiros estão vendo o ensino superior em seus horizontes através do Enem.
Já a professora e coordenadora de Matemática do Colégio Sarah Dawsey, Andrea Canela, acha que uma mudança no perfil da prova observada ao longo dos últimos anos também pode estar por trás da queda no desempenho.
— Desde 2009, algumas pegadinhas começaram a aparecer com mais frequência. E, como a prova de matemática é a última de um dia bastante cansativo, já que há um total de 90 questões e a redação, os alunos não têm tempo de revisar suas respostas, muita vezes caindo nessas armadilhas — comenta. — A queda nas notas não chega a equivaler a um percentual altíssimo, mas mostra que é preciso observar com atenção os próximos resultados.
Houve aumento nos pontos conquistados em ciências humanas, ciências da natureza e linguagens. As notas de ciências da natureza apresentaram aumento médio de 2,3%: foram de 473,2 para 484. Em ciências humanas, a pontuação saltou de 515,1 para 543, um crescimento de 5,4%. E, em linguagens, houve incremento de 489,1 para 508,1 (3,9%).
Durante uma coletiva de imprensa para comentar os resultados, os representantes do governo federal elencaram as razões que levaram às anulações de mais de meio milhão de redações. Entre os candidatos que zeraram na disciplina, 217,3 mil fugiram do tema, 13 mil copiaram o texto motivador, 7,8 mil escreveram menos de sete linhas, 3,3 mil incluíram alguma parte desconectada do texto principal e 955 ofenderam os direitos humanos. Essas pessoas estão automaticamente eliminadas: não poderão se inscrever no Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que será aberto na próxima segunda-feira.
O tema da redação foi diretamente relacionado pelo ministro ao resultado ruim na redação. Em 2013, o texto pedido era sobre a Lei Seca, assunto amplamente debatido na sociedade e na imprensa. A publicidade infantil, que apareceu no ano passado, não é, para ele, “popular”. O ministro da Educação, Cid Gomes, porém, não deixou de reconhecer que a má qualidade do ensino público e a pouca leitura dos estudantes ajudam a explicar o tombo.
— Os estudantes estão lendo pouco. Não dá para fugir, camuflar e dizer que o ensino público é bom. Está muito aquém do desejável. Estamos aqui para lutar para melhorar — disse.
Presidente do Inep, Francisco Soares lembrou que o Enem não é um exame obrigatório e, por isso, não abrange todos os alunos que concluíram o ensino médio. Ele acrescentou que comparar o desempenho dos estudantes em 2013 e 2014 não é justo, já que o tema da redação não foi o mesmo:
— Seria completamente equivocado dizer que a redação é um problema neste ano.
SUDESTE TEM MELHORES RESULTADOS
Os dados apresentados ontem revelam que o desempenho dos alunos do Sudeste é melhor do que os de todas as outras regiões. As redações dos alunos da região, por exemplo, apresentaram pontuação média de 486,9. Os piores resultados estão no Norte, onde os estudantes conquistaram, em média, 417,5 pontos na redação. Segundo Francisco Soares, o rendimento costuma ser melhor em regiões nas quais o nível social, econômico e cultural dos pais é maior.
A partir da próxima segunda-feira, e até o dia 22, com a nota do exame em mãos, o candidato poderá se inscrever em uma instituição pública de ensino superior por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Há 205.514 vagas ofertadas. Em comparação com janeiro de 2014, houve aumento de 11% no número de instituições participantes e 20% no número de vagas disponíveis.
Do total de 63 universidades federais, 59 participam do Sisu neste primeiro semestre. Todos os 38 institutos federais de educação, ciência e tecnologia e os dois centros federais de educação tecnológica (Cefet) também oferecem vagas. O ministro afirmou que será uma prioridade conversar com os representantes das instituições que ainda não integram o sistema a fim de fazê-los mudar de ideia.
Cid Gomes também afirmou que vai trabalhar para aumentar a oferta do ensino médio em turno integral em todo o país. Segundo ele, o desempenho dos alunos no Enem é melhor onde há esse serviço. O ministro ainda prometeu informatizar o exame, para que os estudantes possam fazer as provas em terminais de computadores.
— O Enem on-line é uma comodidade para milhões de brasileiros. Temos técnica para isso, não precisamos fazer essa operação de guerra em todo o Brasil e ficar sujeitos a sabotagem. Pretendo levar à presidente Dilma Rousseff a proposta o mais rápido possível, para que possamos aproveitar tecnologias e realizar o Enem de forma remota. Devemos trabalhar para que possa ter Enem o tempo inteiro, toda hora, todo dia, quando quiser — disse o ministro.

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Na coluna "Um dedo de Prosa" do Jornal Extra de 14/01/15 , Mônica Raoulf El Bayeh escreveu :

529 mil estudantes tiraram zero na redação do ENEM. Surpresos? Não fiquem. Essa tragédia vem sendo anunciada há muito tempo. Esse é o caos que estão fazendo com nossas escolas. As redações não foram mais que espelho do caos que está instalado.
Esta é nossa triste situação no momento: zero de educação. Zero de respeito. Zero de saúde. Zero de consideração com os professores e com os meninos que, sem recursos, perdem a chance de uma vida melhor.
Ao invés de melhorar a qualidade do ensino, deixam que ela caia de podre. Camuflam aprovações falsas. Diminuem a nota dos cotistas a pretexto de dar oportunidade a todos. Balela. Dar oportunidade a todos é permitir que todos tenham condições de tirar a mesma nota. Isso é chance. O resto é pintar prédio em ruínas.
Kayla tem quatorze anos, uma vida pela frente e catarata nas duas vistas. Ela luta para enxergar um futuro melhor. Mas está numa fila de cirurgia no Hospital Jesus - RJ que é de três anos. Sua vista com catarata, não aguentará tanto tempo. Quer dar oportunidades a todos? Comece dando saúde! É o mínimo que cada pessoa merece.
Não vai aqui nenhuma crítica ao hospital – que é sério e bom. Nem aos médicos que nele trabalham. Minha crítica é aos que governam e nos deixam órfãos de saúde, educação, segurança e dignidade.
Todos têm direito à boa educação, saúde de qualidade e segurança? Mentira. Somos extorquidos em impostos que vão para cuecas de políticos ladrões. E nos deixam ignorantes, doentes e roubados.
Nos encolhemos quando passamos pelos meninos pobres nas ruas. Seguramos as bolsas mais forte. Pobres são barrados em shoppings e de lá enxotados como cachorros. Ledo engano o nosso. Nossos ladrões não são os pobres meninos de favela.
Nossos piores ladrões usam paletó e perfume francês. E nossos meninos são tão vítimas quanto nós. Não temos políticos com autênticos ideais de bem comum. Suas ideias de mundo melhor não vão além dos muros de suas mansões. São interesses escusos, pessoais e financeiros. Nós lhes garantimos fortunas e vida de sultão. Mordomias que saem do nosso suor.
A nós sobra menos que o resto. Eles pouco se importam. Dormem tranquilos cobertos pelo edredom da impunidade. Nós nos importamos, mas não aprendemos a lutar.
Vejo a França indo às ruas, lutando pelo direito de livre expressão que foi atingida. Nós aqui? Somos mortos dia a dia. Bombardeados, massacrados em nossos direitos. Tontos e feridos, desprovidos de educação adequada, nem sabemos como agir. Não temos o direito nem de uma sobrevida justa. Que pena, Brasil. Que pena.
Um país onde o ministro da educação acha que professores têm que trabalhar por amor! Um país onde a secretária municipal de educação do RJ afirma sorrindo que professor sempre vai ganhar mal mesmo. Um país onde pessoas inaptas ao poder decidem a seu bel prazer banir Monteiro Lobato por racismo! Por racismo? Não, por burrice mesmo!
Esse é o Brasil que produz estudantes que não escrevem. E que também não sabem ler. Mantidos no cativeiro da ignorância para garantir a permanência de seus vorazes currais eleitorais.
Somos gado de corte. Nos cortam a possibilidade de uma vida digna e plena. Nos cortam a vida na flor da idade. Esses zeros, Brasil, são todos seus.
Invistam na educação verdadeira. Não na ordem vinda de cima que obriga as escolas a aprovarem quem não sabe ler. Invistam em saúde, para que a gente tenha para onde encaminhar os alunos que precisam de ajuda. Para que as pessoas não morram como moscas nas filas dos hospitais.
Apenas o investimento real nos trará segurança. A única e verdadeira saída. Enquanto nada for feito, permanecemos às cegas. Num país com catarata nas duas vistas. E com o sério risco de não conseguir salvar o futuro a tempo.

Outros trabalhos da autora, acesse: http://poesiatodaprosa.blogspot.com.br/
https://www.facebook.com/pages/M%C3%B4nica-Raouf-El-Bayeh-Poesia-Toda-Prosa/492489637457420?fref=ts
https://twitter.com/monicabayeh

Um comentário:



  1. http://extra.globo.com/noticias/educacao/depois-do-enem-prova-brasil-reprova-rede-publica-do-rio-so-75-aprenderam-adequado-em-matematica-no-fim-do-ensino-medio-15080515.html

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